PARANDO PARA PENSAR SOBRE CAIÇARAS E SOCIAL

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CAIÇARASTEXTO: RAFAEL GOMES DE ALMEIDA (1983)

Eu gostaria que os leitores que me acompanham, se detivessem um pouco no crescimento social de Patos de Minas, para que se pudesse concluir, se é que não estou enganado, que nossa cidade não tem tido uma evolução social compatível com o seu crescimento demográfico. Numa simples volta ao passado, vamos conhecer que desde 1945 contávamos com dois clubes sociais urbanos: A Sociedade Recreativa Patense e o antigo Patos Social Clube.

Hoje, quase 40 anos depois, vamos encontrar uma Recreativa desativada e um Patos Social Clube muito bem instalado, mas com uma dimensão pequena para atender a toda a sociedade patense.

É bem verdade, que ganhamos um Caiçaras, clube que depois de uma crise financeira, ressurgiu com uma plenitude incrível, dotando a cidade de modernas instalações, instalações estas que já eram reclamadas pela coletividade patense.

No entanto, é preciso que se atente para o fato de que, há algum tempo, uma coisa difícil que existia entre nós, era conseguir alguma pessoa que se dispusesse a ser presidente de qualquer de nossos clubes. No Patos Social Clube, mais por teimosia de seus diretores do que por capacidade do clube, aconteceu uma ampliação na sede social que, longe de ser uma construção ideal, permite, por algum tempo, suprir a perda da Recreativa, que segundo informações está para ser reativada. No Caiçaras, a diretoria anterior, numa atitude de raça e de coragem, promoveu a ampliação de suas instalações, dotando os associados de uma sauna espetacular, sendo que tudo foi feito com recurso do clube e sem que houvesse qualquer dívida para ser repassada à atual diretoria.

Muitas vezes, no jornalismo, paramos para criticar a falta de iniciativa dos homens que ocupam cargos de liderança em nossa comunidade e, raras vezes temos tempo para aplaudir.

Devo confessar e nisto me penitencio, sou sócio dos dois Clubes e sinto que sempre estou em falta com as diretorias, pois a única coisa que faço regularmente, é pagar os condomínios. Por uma questão de temperamento, sou pouco frequente aos nossos movimentos sociais, mas mesmo assistindo de longe, creio que os diretores de nossos clubes merecem o nosso reconhecimento, principalmente, quando nos prestam um serviço melhorado, sem com isto nos trazer um aumento das taxas de condomínio.

Já ouvi, por mais de uma vez, restrições ao Patos Social Clube porque não existe Carnaval para os associados e até nisto, eu devo confessar que a diretoria está agindo com muita correção, pois toda vez que vem um Carnaval promovido pelo Patos Social, advém um “déficit” muito grande, pois sendo uma clube mais dedicado aos jovens, estes não adquirem mesas e só com vendas de ingresso para convidados o clube não consegue cobrir as despesas.

Por outro lado, o Caiçaras está cobrando uma taxa pelo uso da sauna, mesmo quando se é associado, numa atitude muito correta, porque além do caráter seletivo próprio para o “relax”, deve se compreender que a taxa cobrada faz com que aqueles que não sejam usuários da sauna e que sejam sócios do clube, não se onerem com um aumento possível no condomínio.

Nos dois casos, pode que uma pessoa entenda que o clube não tem fim comercial e que deva dar uma assistência ampla aos seus associados. Concordo que não seja de fim comercial e que não vise lucros, mas fazer um investimento provocador de prejuízos, é o mesmo que transferir estes prejuízos para os associados, em forma de aumento do condomínio, ou então na condução dos clubes à insolvência.

Que o exemplo de nossos clubes sejam seguidos e que novos empreendedores sociais aconteçam, pois a cidade precisa e merece mais clubes, para atender o seu crescimento.

* Fonte: Texto publicado com o título “Parando Para Pensar!” na edição n.º 72 de 15 de julho de 1983 da revista A Debulha, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto 1: Piscina olímpica do Caiçaras em 1976, do arquivo do clube.

* Foto 2: Frente do Patos Social Clube, de Eitel Teixeira Dannemann (05/09/2013).

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