EMA DO EMANOEL, A

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HISTORIAS DE PESCADOR - MURALJOIA.COMO Padre Antônio Alves, que era nosso grande companheiro de pescada, peixada e galinhada (cuja morte prematura não concordamos até hoje), comprou uma Vemaguete e convidou para estreiá-la numa caçada, o Mané Mendonça e o Romeuzinho Rodrigues, que toparam de cara, pois naquele tempo eles não tinham nem bicicleta. Era uma pobreza danada e caçada e pescada com o saudoso Padre Antônio era sinônimo de fartura, até wiske importado tinha. Rumaram para as bandas do Rio da Prata. O Padre Antônio ao volante, barbeiro que só ele. Lá perto da Fazenda da Gameleira do Sr. Vicente Gomes, avistaram duas enormes emas. O Padre Antônio freou o carro, desceram e pegaram as armas entusiasmados. O Padre disse:

– Que bela plumagem! Que belo espécime! Manoel, eu atiro na da esquerda e você na da direita, tá?

E assim fizeram. Os tiros foram ambos certeiros. Também pudera, a distância era de uns cinco metros. As emas eram mansinhas, criadas na porta do Sr. Vicente Gomes.

Era bicho de estimação dos meninos. Muito bem! Puseram as emas no carro e voltaram pra cidade. Um caçadão, diziam eles. Passados uns três dias, eis que surge no armazém do Mané um portador do Sr. Vicente querendo indenização pela morte das emas.

O Mané ficou todo apertado, pois estava com uma lata de pelotas de ema na mão para levar para o bar do Dirão para tira-gosto. O homem foi apertando, querendo saber qual dos três tinha atirado, e o Mané sempre tirando do rumo. A certa altura o homem perguntou:

– Que é isto nesta lata?

O Mané respondeu:

– Isso aí é bola de sabão preto. Oh! Moço, eu vou contar ao senhor a verdade: matamos, isso eu juro. Elas estavam no meio da estrada e como precisávamos passar demos dois tiros para o alto para assustá-las e elas morreram do coração.

Depois disso veio a gozação da turma chamando o Manoel de “Ema-noel”. O Romeuzinho sumiu que não apareceu até hoje.

* Fonte: Texto de Wanir Amâncio publicado na coluna “Pescaçando” (Tião Abatiá) da edição de 31 de março de 1990 do jornal Correio de Patos, do arquivo do Laboratório de História do Unipam.

* Foto: Muraljoia.com.

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