ROTINA PATENSE EM 1983

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PATOSTEXTO: OSWALDO AMORIM (1983)

MEU CARO ZÉ PENA

Você me pergunta como vai nossa adorada Patos.

Felizmente, bem, pois – afinal – escapamos da grave crise que ameaçava nossa principal atividade: a Agricultura, devido à brusca mudança da Política do Governo para o setor. Política que praticamente dobrou os juros do crédito agrícola e atirou para o alto o preço dos fertilizantes e outros fatores de produção.

Tudo isso provocou um colossal desânimo entre os nossos agricultores, grande parte dos quais ameaçava não plantar nada. A situação ficou preta: mais para Urubu do que para Colibri. Já imaginou nossa Patos sem lavoura? Seria mais ou menos como um baile sem mulher ou um faroeste sem briga.

Mas aí, inesperadamente, a situação mudou da água para o vinho, graças à vertical elevação dos preços dos produtos agrícolas, como a soja, o milho, o feijão e o arroz. Então, os agricultores criaram alma nova e se lançaram ao preparo da terra com admirável disposição, mesmo com os adubos, máquinas agrícolas, peças e combustível a preços proibitivos.

Assim, felizmente, trocamos uma desoladora perspectiva de plantio pela mais animadora perspectiva dos últimos anos, capaz mesmo de resultar, se o tempo ajudar, numa de nossas melhores safras de todos os tempos.

No mais, prossegue aquela rotina: o Alfo criando boi, o Cocão criando frango e o Romero criando caso. O Raimundo e o Tomaz fazendo rir e o custo de vida fazendo chorar. O Agenor e o Ricardo fazendo poesia, o João Marcos e a Maria Célia fazendo teatro e o Murilo fazendo raiva nos outros. (Só a quem merece, garante ele). O Pedro Maciel mandando no Sindicato e os Caixetas na Cooperativa. O Joãozinho tocando flauta e o governo tocando a mão no bolso do contrinuiente. Os meninos e os fazendeiros empinando papagaios – os primeiros na praça e no tempo certo, os segundos nos Bancos, o tempo todo. O Artur torrando café e os chatos, a paciência, o Patrício espalhando recados no ar, o Jonas animando a meninada, o Dr. Antônio prometendo candidatar-se a qualquer coisa, o Romeu dando suas polidas “facadinhas”, o Galil espinafrando o governo (qualquer governo), o Oliveira Mello publicando Livros, o Pedro Santoa politicando, o Waldemar astuciando, a Lúcia dançando, o Macarrão correndo, o Delfim colunando, o Manezinho pescando, o Toninho sorrindo, o Zé Maria demitindo, o Hélio e o Zé Ribeiro ganhando dinheiro, a URT ganhando títulos e o seu amigo aqui perdendo eleições.

Aquele abraço.

Oswaldo Amorim

* Fonte: Texto publicado na edição n.º 78 de 15 de outubro de 1983 da revista A Debulha, do arquivo do Laboratório de Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de  História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Arquivo da Prefeitura Municipal de Patos de Minas.

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