PATOS DE MINAS JÁ FOI FUNDO DE MAR

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DSC02024 - CópiaAnálises do solo da cidade de Patos de Minas, feitas por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), registraram a presença de fósseis de micro-organismos existentes apenas em águas profundas, o que indica que o interior de Minas Gerais já esteve coberto por um lençol de água salgada com no mínimo 150 metros de altura. A descoberta dos vestígios mineralizados de foraminídeos e radiolários, dois tipos de microscópicos organismos vivos que só sobrevivem em grandes profundidades de água do mar, dão origem à certeza de que em épocas remotas o Oceano Atlântico, ou o Pacífico, conseguiram chegar até nossa região.

Para o geólogo Dimas Dias-Brito, da Unesp, “é provável que a invasão marinha tenha ocorrido entre 125 milhões e 110 milhões de anos atrás, mas não sabemos precisar quanto tempo ela ficou empoçada ali. Talvez alguns milhares de anos”. Depois disso, diz Dias-Brito, “as águas escoaram e tudo virou o que é hoje: uma paisagem semi-árida”.

Os pesquisadores não têm meios de saber exatamente quando tudo isso aconteceu. O certo é que há 125 milhões de anos, conforme defendem alguns estudiosos, América do Sul e África começaram a se separar e esse movimento das massas continentais provocou uma rachadura na América do Sul, por onde penetraram as águas do Oceano Pacífico. Outros cientistas, porém, acreditam que os continentes americano e africano já estavam separados há 120/110 milhões de anos, quando o nível do Oceano Atlântico começou a subir de maneira inesperada e suas águas entraram no Brasil através do Nordeste, chegando até Patos de Minas. Isso explica a presença em nossas terras dos fósseis de micro-organismos marinhos, que de outra forma jamais poderiam ter vindo até nós.

O diretor do Colégio Leonardo da Vinci, Evandro Reis, não vê novidade na descoberta. “A Terra, depois de resfriada, ficou coberta pelas águas, e portanto é natural que formas de vida tenham habitado os mares”. Nunca existiu no Brasil uma pesquisa cuidadosa como no Velho Mundo, diz Evandro, e o curioso é “existirem em nossa região vestígios descobertos acidentalmente, como em Uberaba, onde foram encontrados restos fossilizados de dinossauro”. O radialista França Nascimento encara o acontecimento de forma diferente. Para ele, a descoberta faz com que a gente pense mais cuidadosamente sobre o assunto, que merece ser estudado com carinho. “Nós sempre reclamamos a falta de uma praia e por isso todo mundo se manda para Guarapari quando pode”, brinca o radialista. “Agora já podemos dizer que a nossa região foi marítima, o que não deixa de ser um consolo”.

* Fonte e foto: Texto publicado na edição n.º 40 de 21 de julho de 1997 do jornal O Tabóide, do arquivo de Fernando Kitzinger Dannemann.

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