RECUPERAR O POLIESPORTIVO: INCENTIVO AO ESPORTE

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ATEXTO: DIRCEU DEOCLECIANO PACHECO (1984)

Lembro-me perfeitamente do entusiasmo que tomou conta do patense, quando foi inaugurada a praça de esportes do Patos Tênis Clube e da alegria de todos nós, moleques que escondidos de nossos pais, “dávamos nossas braçadas” na Lagoa Grande (que o povo quer hoje chamar de Lagoa dos Japoneses), no Ribeirão da Fábrica e até mesmo no perigoso e traiçoeiro Rio Paranaíba, como faziam os maiores e mais ousados, por termos a oportunidade de receber as primeiras aulas de natação atravéz da instrução eficiente do competente técnico Valadão.

Os resultados se fizeram notar dentro de pouco tempo, pela revelação de uma plêiade de nadadores tanto do sexo masculino como feminino, que começaram a carrear inúmeros troféus para o clube. Demorou um pouco mais até que as equipes de basquete masculino e vôlei masculino e feminino despontassem com maior força, até que nos idos de 50, quando tive a honra de envergar a camiseta (então vermelha, preta e branca) dos considerados os grandes nomes patenses daquela modalidade, pudemos juntamente com o vôlei masculino e feminino, conseguir grandes vitórias, ao ponto de nos sagramos campeões do Triângulo Mineiro, nas eliminatórias de Araxá, no ano de 1955.

Naquela época, as duas únicas quadras da cidade – uma de vôlei e outra de basquete – estavam ocupadas em todas as tardes, por inúmeros adeptos dos especializados e quantas vezes, como se fora um trabalho de aquecimento, nos dias de chuva, tomávamos rodos e panos para secarmos as quadras e podermos usá-las.

Reconhecendo o quanto a prática do esporte é importante na vida de um povo, principalmente o especializado e especialmente o vôlei e o basquete, que pouco a pouco vão conquistando a simpatia do brasileiro, fazendo-o hoje vibrar tanto quanto com o próprio futebol, novos locais para a sua prática foram sendo proporcionados, até que, na administração do Prefeito Waldemar Rocha Filho, vimos concretizar-se o que parecia um sonho impossível através da construção de um ginásio coberto.

Esperava-se então, que aumentasse o entusiasmo e o sucesso daqueles esportes viesse superar o dos velhos tempos, mas aos poucos, foi-se observando que o Ginásio Poliesportivo se distanciava cada vez mais de seus objetivos, transformando-se mais em palco para shows e pista para bailes.

No início deste ano, quando ouvi anunciar que bailes de carnaval seriam realizados naquele local, procurei o presidente do PTC, o meu amigo João Batista Dias, popular Macarrão, que diga-se de passagem é um dos esportistas que trouxe maiores glórias para Patos, como campeão de várias corridas pedestres e ciclísticas, sendo um dos mais entusiastas desportistas desta terra, responsável pela construção de outras quadras de esportes, para saber o que se passava. E ele, na sua lealdade e gentileza características, mostrou-me o projeto do “novo PTC”, explicando que estava lutando pela construção de novas quadras externas, para as quais não contava com verbas, tendo como recursos quase que tão somente a renda dos bailes. Depois disto, com as verbas que conseguiria junto à Diretoria de Esportes, proceder-se-ia uma reforma total do poliesportivo, que poderia ser totalmente destinado à sua função original.

Diante da seriedade com que o Macarrão sempre encarou o que lhe é entregue, não tive a menor dúvida de que tudo seria cumprido conforme o planejado e passei apenas a observar o bom andamento das obras.

Acontece que a frequência com que os bailes passaram a ser realizados na quadra começou a trazer preocupações e de repente, inúmeras foram as reclamações que comecei a ouvir, em virtude dos estragos que vêm ocorrendo e mais ainda pelo prejuízo à prática dos esportes, pois geralmente, a cada vez, pelo menos na véspera, no dia da promoção e no dia seguinte a ela, a quadra fica interditada e com isto, segundo nos informou o pai de dois alunos da “escolinha”, não é raro que as crianças percam o estímulo pelo sucessivo cancelamento dos treinos, passando até a se desinteressar por eles.

Diante dos estado lastimável em que se encontra o ginásio poliesportivo pelo seu piso, vestiários, banheiros e principalmente pela parte externa que faz lembrar um prédio em ruínas, apesar de continuarem em andamento as obras externas, penso ser chegada a hora de parar com os bailes para a imediata recuperação total do ginásio, a fim de que ele possa o mais urgente possível, ser devolvido à sua finalidade original.

* Fonte: Texto publicado com o título “Incentivo ao Esporte” no Editorial da edição n.º 98 de 31 de agosto de 1984 da revista A Debulha, do arquivo do Laboratório de História do Unipam.

* Foto: Rodonews.com, meramente ilustrativa.

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