CRIMINALIDADE E A INSTRUCÇÃO, A

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ATEXTO: JORNAL O COMMERCIO (1911)

Os crimes em nossa Comarca têm se reproduzido de um modo verdadeiramente assustador, com tristeza o dizemos.

A cada passo, vem-nos ao conhecimento a noticia de um novo assassinato, de um ferimento grave ou mesmo leve, emfim, de um crime qualquer, praticado em diversos pontos de nosso Municipio, e mesmo no coração d’esta Cidade.

O pardieiro a que somos forçados a dar o nome de Cadêa de Patos, está repleto de criminosos, e as mattas que circumdam a nossa cidade, dão abrigo seguro a um sem numero de pessôas responsaveis por actos delictuosos.

Nos cartorios d’esta Comarca, repousam dezenas de autos-crimes, e nos cemiterios, por ahi além, repoisarão talvez muitas victimas, em cujo cadaver não foi feito sequer o auto de corpo de delicto, a fim de ser iniciado o processo – crime contra o seu algoz.

A fim de cohibir estes excessos, a fim de diminuir ou mesmo acabar de vez com a criminalidade, entre outros meios, apontamos um, que julgamos ser o principal, para não dizermos o único: – A INSTRUCÇÃO.

A instrucção è o alicerce da paz, da concordia e do progresso.

Sem ella, digamos com franqueza, assemelhamo-nos aos brutos, estamos promptos a commeter toda sorte de arbitrariedades, toda sorte de crime, mesmo os mais bárbaros, os crimes repugnantes.

Devemos, portanto, instruirmo-nos; devemos educar os nossos filhos, para que, mais tarde, elles não nos dêm desgostos, tornando-se criminosos.

Devemos mandal-os á eschola, porque, a eschola é a miniatura da sociedade, como disse alguem. Nella entrando, a creança penetra o recinto em que receberá as primeiras noções dos deveres reciprocos que constituem o trato social. Esses deveres, embora tantos e de tão varias especies, são quasi todos esboçados e exemplificados na eschola.

A eschola é o pequeno scenario, onde se ensaiam as exibições da vida.

Devemos procurar para nossos filhos um professor illustrado, e sobre tudo religioso, porque, fóra da religião nada de bom podemos conseguir.

Devemos, sim, é um de nossos mais sagrados deveres o tratarmos da educação de nossos filhos.

O seu futuro depende da instrucção que lhes dermos: si ella fôr bôa, elles serão bons; si fôr má forçosamente serão máus.

Saibamos educar os nossos filhos e acabaremos com a criminalidade – reformaremos o mundo.

* Fonte: Texto publicado na edição de 18 de junho de 1911 do jornal O Commercio, do arquivo do Laboratório Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann.

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