BORGES X MACIEL: A CRISE DE 1925 – 6

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ANo rastro de pólvora deixado pelas famílias Borges (oposição) e Maciel (posição) no ano de 1925, o jornal carioca Rio Imparcial publicou uma vasta matéria criticando os primeiros e defendendo os segundos. Nela está contida uma série de loas ao Chefe do Executivo, Dr. Adélio Dias Maciel. Surpreendentemente, o semanário patense Jornal de Patos (dos Borges) reproduziu a reportagem. Mas, uma semana depois, os ataques retornaram:

A opposição em Patos mantem um jornal intitulado “Jornal de Patos” que não é lido pelas pêssoas criteriosas e de bom gosto. (Do Rio Imparcial)

Não contestamos a verdade contida nestas linhas, pois de facto ha uma classe de “insensatos e sem gosto” que não leem o “Jornal de Patos” são: Os menores de 7 annos, os idiotas e quasi 80% de nossos patricios analphabetos, devidos aos liberaes principios de pedagogia moderna que o administrador do Municipio de Patos tem posto em pratica. Tanto assim que uma area de 14.000 kilometros, com 70 mil habitantes, encontram-se (6) seis escolas modernas, com 6 professores modernissimos, para (7) sete districtos do Municipio!!!…

E estes professores que ministram um ensino acabado e perfeito são incapazes de passar em exame final de 2.º anno de nosso Grupo Escolar. Eis o motivo porque o “Jornal de Patos” tem uma edição de quasi 2000 exemplares, facto rarissimo na imprensa do sertão.

Há uma outra classe de insensatos que não o leem: é a dos que se fecham no quarto, entre quatro paredes para devorar sua leitura clandestina e a dos que, sem o assignarem, aggridem as creanças que o distribuem, aos domingos, procurando surrupial-o á força!…

Uma terceira classe é a dos homens do Governo de Minas, inclusive o Exmo. Dr. Mello Vianna, tanto assim que o Minas Geraes orgão dos Poderes do Estado, depois de já haver transcripto nosso artigo sobre a mensagem do ilustre presidente do Estado, reproduziu-o, pela 2.ª vez, ao lado do artigo, sobre o mesmo assumpto, escripto pelo proprio “Rio Imparcial”.

Ora, como os ilustres redactores daquelle periodico, ficaram conhecendo Patos unicamente atravez de informes ministrados por pessôas apaixonadas e parciais – foram vergonhosa e tristemente ludibriados e verificam, neste momento, o conto do vigario em que cahiram, com o cathegorico desmentido que lhes ministra, e aos seus informantes, o “Minas Geraes” de 13 deste, cuja insensatez e falta de gosto levam no a ler o “Jornal de Patos” e o “Rio Imparcial”.

Mentiras a tanto por cabeço, pois dizem que existe nas paredes do Paço Municipal uma lei creando verba para propaganda do Municipio estão de accôrdo com o regimen municipal os que se referem ao nosso jornal – As demais conferem com o programma e se afinam pelo mesmo diapasão, – salvas as excepções que serão por nós respeitadas.
O mais é um verdadeiro gato môrto atirado á face do municipio de Patos.

Que o digam os insensatos que lêm o jornal.

E.R.

* Fonte: Texto publicado na edição de 23 de agosto de 1925 do Jornal de Patos, do arquivo do Laboratório de História do Unipam.

* 1: Leia a matéria no texto “Borges x Maciel – A Crise de 1925 – V”.

* Foto: Relaciones.uncomo.com.

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