FELIPE RODRIGUES CORRÊA

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AA carreira do professor Felipe começou em Carmo do Paranaíba, nomeado a 20 de novembro de 1886. A pedido, a 10 de outubro de 1887, foi removido para o distrito de Lagoa Formosa. Removido para Lagamar, a 18 de fevereiro de 1891, não chega a entrar em exercício, alegando falta de moradia.

Transferido para Patos, a 29 de abril de 1900, assumiu a cadeira a 31 maio do mesmo ano. Para os antigos, o professor Felipe era bom violinista. Participava da orquestra do maestro Randolpho Duarte Campos. Contam que, nas sessões do Cinema Magalhães, o primeiro de Patos, quando se fazia necessária a música de acompanhamento das sequências dos filmes, o professor Felipe costumava quedar, absorto, tomado por determinadas cenas, arranhando o arco nas cordas do violino, sem mudar de tom. Era quando o coronel Arthur, dono do cinema, lá do palanque-cabine gritava a bons pulmões: “Tá serrando Felipe… Tá serrando?” Assustado, o bom Felipe retomava o fio da partitura.

Durante o ano de 1916, com as obras do prédio concluídas, o Grupo Escolar de Patos (que depois se transformaria no Grupo Escolar Marcolino de Barros) formou o seu corpo docente. Nesta oportunidade, o professor Felipe foi transferido para a nova escola, sendo extinta a que ele regia. E a transferência do competente professor foi comentada na edição de 10 de novembro de 1916 do jornal O Riso. A matéria, com o título “Uma Injustiça Sanada”, diz o seguinte:

A “Cidade”¹ em seu n.º de 5 do corrente nos transmitiu, laconicamente, a noticia da transferencia do Prof. Felippe Corrêa para o Grupo Escolar, como se fôra ella um facto de somenos importancia, um acontecimento trivial que concerne á vida ainda pacata de nossa população, que tem a ousadia de querer ser um dia – civilizada.

E por desejar immensamente que os nossos irmãozinhos se instruam, a massa anonyma, d’esta cidade, não deixou de concorrer com avultada somma para a construcção de seu futuroso Grupo Escolar.

E vendo o povo que os seus não pequenos sacrificios estão sendo bem recompensados, e que os seus sonhos vão se transformando em manifesta realidade, é justo que se regozije com a nomeação dos professores do quilate de Felippe Corrêa, que sabem honrar a instrucção mineira.

Plageando uma phrase, aliás já por demais conhecida, (sem contudo querer melindrar os demais professores) diremos: “Duzentos professores como o Felippe darão cabo, em pouco tempo, do nosso estupefaciente analphabetismo”.
Achamos mesmo (e isto é, o nosso modo pessoal de encarar a questão) que, o Dr. Marcolino precipitou-se pela ladeira escorregadia e traiçoeira da leviandade quando, ha mezes, imbuido de idèas progressistas, saira pelo mundo, qual Diogenes, á cata de professores competentes para o nosso Grupo, não descobrindo aqui a pedra preciosa que modestamente se occultava mergulhada no bloco amorpho do
incompetentes.

Mas, graças ao amor paternal de pessôa intelligente que se compadeceu, em bôa hora, do nosso atrazo intellectual e moral, o mal foi remido com a nomeação de Felippe Corrêa, para gloria nossa, para honra do professorado mineiro e para contento da pequenada patense.

Terminando, envio ao donto corpo docente do Grupo os meus parabéns pela feliz acquisição que fez.

* Fontes: Domínios de Pecuários e Enxadachins, de Geraldo Fonseca, e jornal O Riso, do arquivo do Laboratório de História do Unipam.

*1: Jornal Cidade de Patos.

* Foto: Escolasempartido.org.

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