UMA COMOVIDA EVOCAÇÃO

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TEXTO: OSWALDO AMORIM (1976)

Excelente a evocação de D. Risoleta Maciel Brandão sobre seu avô Antônio Dias¹, a propósito do sesquicentenário de seu nascimento, transcorrido dia 1º, com engenho e arte, o mesmo engenho e arte que ela mostrou naquela admirável série sobre Cônego Getúlio, pelo lirismo e excepcional qualidade de texto, soube temperar a aridez dos dados biográficos com o molho de certas passagens que, à parte o seu pitoresco, ajudam a dar a dimensão humana de Antônio Dias. Ótimas também as descrições que ela fez do ambiente em que vivia seu avô, em que recria, com cores vivas e eloqüentes, cenários de uma Patos de Minas que não mais existe.

A comovida e bem fundamentada evocação de D. Risoleta sobre Antônio Dias, que deu seu nome ao nosso primeiro hospital e a uma das principais praças da cidade, fez-me lembrar esse pensamento de Erasmo de Roterdam: “O tempo caminha mais para o passado do que para o futuro. É preciso segurar o passado, pois de suas luzes dependem todos os tempos”.

Isso por sua vez, leva-me a pensar que os municípios deveriam cultuar a memória de seus grandes vultos, como a Pátria cultua a de seus heróis. E temos dois bons motivos para fazê-lo. Primeiro por gratidão a tudo o que esses vultos fizeram pelo desenvolvimento de Patos de Minas e da região. E a gratidão é uma das mais belas de todas as virtudes. Segundo, porque a vida de homens como Antônio Dias encerra lições para todos nós. Lições de civismo, de amor à Pátria, de amor a Patos de Minas, de espírito comunitário, de compreensão, de tolerância, de concórdia, de honradez.

Por tudo isso, iniciativas como as de D. Risoleta deveriam ser realizadas com mais freqüência. Cultuar a memória dos construtores de nossa história é altamente salutar. Afinal, “é preciso segurar o passado, pois de suas luzes dependem todos em todos os tempos”.

* Fonte e foto: Transcritos de Queixa ao Bispo, de Oswaldo Amorim, publicado originalmente no jornal Folha Diocesana em 8 de janeiro de 1976.

* 1: Antônio Dias Maciel, o Barão de Araguari, irmão de Jerônimo Dias Maciel, que vindos de Bom Despacho em 1858, deram um enorme impulso para que o então Arraial de Santo Antônio dos Patos se transformasse em cidade.

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