VEREADOR EDUARDO FERREIRA DE NORONHA COBRA REFORMA DA PONTE E DA CADEIA/CASA DO JURI

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Illmo.º Sr. Redactor d’“O Commercio”,

Saudações affectuosas.

Sobre os justos reclamos lançados nesse Catholico Jornal, pedindo ao Governo competente energicas providencias no sentido de serem reparadas as obras da Ponte sobre o rio Paranahyba, Cadêa e Casa do Jury d’essa Cidade, tomei a deliberação de fazer-lhe estas linhas, as quaes lhe peço publicar para tranquillisação dos que transitam por essas obras.

A Ponte, Sr. Redactor, foi construída sob minha direcção, de accordo com o plano e orçamento aprovado pelo Governo. O madeiramento é aroeira; os cavaletes os estacadas estão perfeitamente equilibradas e firmes; e somente o lance central suspenso n’uma abertura de vinte metros, é que adquiriu o grande defeito de uma curvatura, produzida pelo desseccamento da madeira. Em quanto estiverem sans as peças que sustentam os penduraes centraes, que formam o estribo que sustenta as vigas, não haverá perigo. E’ verdade que está muito feio o larce central; e, para quem ignora o motivo da curvatura, tem medo de tranzital-a.

As obras da Cadêa e casa do Jury e que tambem è casa da Camara, realmente precisam reparos para não desabar, e de ha muito tempo são reclamados; e, o que é, Sr. Redactor, a causa do alarme, è o medo do edificio desabar sobre os pobres presos, não é? As goteiras que actuam por causa dos descuidos; as infiltrações das aguas pela inconveniente platibanda assente sobre a beira do telhado, tem apodrecido as paredes de entulho e si continuar apodrecerá tambem o travamento e irremedialmente desabará. Não sabemos que medidas preventivas tomou o illustre Engenheiro Dr. Amaro Lanari, com respeito a estas obras. Quando fui com elle ver a ponte no Paranahyba, elle achou-a muito feia e disse-me que éra uma vergonha para o Estado, e assim naturalmente terá dito em relação á Cadêa.

Quem sabe si elle julga melhor deixar cahir a ponte, e depois mandar fazer uma Ponte Matallica, sobre fortes pilares? Quem sabe julga melhor deixar cahir o edificio velho, sem ordem, para edificar outro de accordo com a architectura moderna? Assim seria justo calar-se e deixar o mal crescer para o nosso bem.

Eu creio que o mal vem para o bem, não creio que se deixe cahir essas obras que precisão simples reparos. Demolindo-se a platibanda e tomando as goteiras, mudando as paredes de entulho para tijollos, rebocar, caiar e pintar de novo, com essa pequena despesa evita-se ao Estado e Municipio os prejuízos ameaçados. O Sr. Dr. Amaro Lanari, não veio a Patos incumbido de examinar Ponte e Cadêa e sim estudar os planos da Cidade, e encanamentos de agua potavel, organizar orçamentos; mas, como já mostravam-se aquellas obras precisando reparos, é natural ter levado suas notas e lá na Secretaria de Obras Publicas, onde tem planta da Cadêa faça os orçamentos dos reparos.

A Camara Municipal está a espera dos estudos e orçamentos para a canalisação d’agua potavel; e, para fazer esse serviço, creio que só se contrahindo emprestimo. Para as obras Municipaes, vê o povo do Municipio, pelo ultimo balancete da Camara, que elle dispõe de um saldo de 15:358$875 rs., não è com isso que havemos de fazer casa para Grupo Escolar (primeira obra), encanamentos, etc; porem com o grande patriotismo que vai surgindo, denodadamente trabalhando-se, teremos esses melhoramentos que desejamos.

O querer é poder. Tenha-se fé. A publicação d’estas linhas penhorarà o teu..

Am? Obrm? Crº…

Eduardo Ferreira de Noronha¹

* 1: Eduardo Ferreira de Noronha nasceu em Patos de Minas, no ano de 1857, segundo o cartório de Areado. Seu neto, porém, afirma que Eduardo Noronha é de origem portuguesa. Era agrimensor. Foi inspetor escolar, nomeado em 1897. Exerceu mandatos de vereador de 1887 a 1894, 1898 a 1900 e de 1907 a 1912. Era capitão e ajudante de ordem da Guarda Nacional, prestando serviço sob as ordens do coronel Farnese Dias Maciel. Foi subdelegado de polícia. Também era empreiteiro de obras. Faleceu no distrito de Chumbo, aos 57 anos, no dia 21 de novembro de 1914, sendo sepultado em Quintinos.

* Fontes: Edição de 11 de maio de 1911 do jornal O Commercio, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam; Logradouros Públicos de Patos de Minas, de Júlio César Resende.

* Foto: Anúncio publicado em 15/10/2013 com o título “Eduardo Ferreira de Noronha – 1906”.

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