COMO FOI A ELEIÇÃO DE DÁCIO PEREIRA DA FONSECA

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DSC02112 - CópiaA eleição municipal de 1976 foi marcada por uma “virada” durante a campanha. O então vereador Sebastião Versiani era o grande favorito para suceder Waldemar da Rocha Filho no cargo de prefeito. “Versiani tinha uma popularidade fantástica”, admite Dácio Pereira da Fonseca, o candidato vitorioso daquele pleito.

Já no segundo trimestre de 1976 começavam as especulações sobre nomes de possíveis candidatos e alianças políticas para a sucessão municipal. Dentro da Arena, Sebastião Versiani trabalhava abertamente para ser indicado pelo grupo do deputado Sebastião Alves do Nascimento, o “Binga”. Este, no entanto, demonstrava interesse em manter o acordo com Pedro Pereira dos Santos (feito na eleição anterior) e achava cedo para definir o candidato.

Por outro lado, o grupo de Pedro Santos também se articulava, em busca de um candidato. O nome de Olímpio Borges de Queiroz era o que mais crescia, até que ele próprio pediu – num veemente apelo – para não ter sua candidatura levada adiante. O advogado Dácio Pereira da Fonseca passou a ser o nome de consenso. Depois de pedir um tempo para pensar, ele acabou aceitando a indicação e se tornou candidato.

Dentro do grupo do Binga, os nomes mais falados eram de Oswaldo Amorim e Ricardo Marques. Com a decisão de Versiani de se aliar a um grupo de dissidentes, liderados por Leopoldo Porto, Jairo Alves, Quinzinho Pintado, Ivan Olivieri e outros, Ricardo Marques e Oswaldo Amorim perderam espaço. Binga decidiu então apoiar o candidato de Pedro Pereira dos Santos (Dácio) e indicou Ricardo para vice-prefeito.

Politicamente discreto, Dácio Pereira da Fonseca viveu um impasse quando foi convidado por Pedro Santos para ser candidato. “Eu não tinha essa aspiração e deixei isso bem claro para o grupo do qual fazia parte dentro da Arena”, relembra o professor e advogado. Na verdade, Dácio pensava mesmo em recusar o convite. Mas sofreu uma incômoda pressão familiar a favor de sua candidatura. “Meu pai (Ilídio Pereira da Fonseca) gostava muito de política e, quando fui pedir sua ajuda para desistir, ele disse que deveria concorrer e servir o município”, revela o ex-prefeito. A justificativa de que, como candidato (e possivelmente como prefeito), ficaria muito ausente da família, também não convenceu os filhos. “O senhor prega a participação, a cidadania e agora não quer assumir tudo isso na prática”, teria alfinetado um dos filhos de Dácio. Apoiado integralmente pela família – e quase empurrado por ela – Dácio Pereira da Fonseca disse “sim” ao convite de Pedro Santos. Ao lado de Ricardo marques, Dácio encabeçou a chapa da Arena 1, apoiada também por Sebastião Alves do Nascimento, o “Binga”.

Tanto Dácio Pereira da Fonseca quando Ricardo Rodrigues Marques participaram da equipe de Waldemar da Rocha Filho. O primeiro foi chefe do Departamento de Educação. O segundo chefiou o Departamento de Administração.

Dácio pertencia ao grupo do Pedro Pereira dos Santos. Conhecedor dos problemas educacionais, desempenhou com eficiência e ótimos resultados sua função. Não deixava transparecer qualquer aspiração política. Demonstrava sensibilidade para os problemas de seu departamento, mas agia politicamente com muita discrição.

Ricardo Rodrigues Marques era ligado ao grupo do deputado Binga. Sua pasta (Administração) possibilitava maior contato com as ações e obras da prefeitura e, consequentemente, com as diversas lideranças políticas. Graças à sua inteligência, habilidade e eficiência foi sempre um nome lembrado para suceder Waldemar da Rocha Filho, mas perdeu força quando Versiani se tornou candidato.

Segundo Waldemar Rocha, como membros de seu governo Dácio e Ricardo realizaram um bom trabalho. “Com a eleição dos dois em 1976, senti-me um grande vitorioso, pois ambos se revelaram no meu secretariado”.

Para enfrentar Versiani, tido como “O Candidato do Povo”, e as duas chapas do MDB – Coronel Ernani de Souza/Alício Amâncio de Araújo e José Maria Vaz Borges/Gabriel Tomás de Magalhães – Dácio contou com o trabalho de um coordenador de campanha, Dílson Abel Pacheco, advogado de grande inteligência para a comunicação, foi o primeiro a desempenhar tal função na história política de Patos.

A candidatura de Dácio e Ricardo só deslanchou depois de um manifesto lançado pela Arena 1, com a assinatura de vários arenistas que haviam viabilizado a candidatura de Versiani, conta Dílson Pacheco. O manifesto nominava a dupla Dácio/Ricardo como “os verdadeiros candidatos do povo”, numa oposição clara a Versiani (do mesmo partido). Além do forte esquema partidário, o coordenador da campanha destaca outros aspectos importantes que contribuíram para a “virada eleitoral”. Segundo Dílson, foram fundamentais os dons oratórios de Dácio Pereira e Ricardo Marques, o esquema de visitas domiciliares na cidade e zona rural, além do grande destaque artístico da campanha: a dupla Chulé e Frieira, formada pelo candidato a prefeito e sua esposa, Dilza. “Os dois contribuíram para tornar a candidatura popular, tocando e cantando os grandes sucessos sertanejos do passado e do momento”, comenta o coordenador.

Já o ex-prefeito Dácio Pereira da Fonseca faz questão de destacar a participação dos líderes Pedro Santos e Binga na campanha. “Os dois tinham visão de estadistas, de usar o poder para alcançar o desenvolvimento de Patos”, elogia. Segundo Dácio, todas as despesas da campanha foram bancadas pelo partido, lideranças políticas e amigos. “Ser prefeito foi uma experiência muito válida, que me fez crescer muito como cristão e como cidadão”, conclui.

No final da campanha eleitoral de 1976 surgiu um boato que poderia ter mudado o resultado da corrida pela sucessão. O comentário geral era de que José Maria Vaz Borges, do MDB, renunciaria para pedir aos seus eleitores que votassem em Sebastião Versiani, da Arena 2. “Se o boato vira verdade, seria o fim do esquema Binga/Pedro Santos”, garante Dílson Pacheco. Ao final da apuração, as urnas mostraram o seguinte resultado:

Dácio Pereira da Fonseca / Ricardo Rodrigues Marques – 10.708 votos.

Sebastião Versiani / Paulo Lima Verde – 8.594 votos.

José Maria Vaz Borges / Gabriel Tomás Magalhães – 6.658 votos.

Coronel Ernani de Souza / Alício Amâncio Araújo – 867 votos.

Branco e Nulos – 1.160 votos.

Total de Votantes – 27.987 eleitores.

* Fonte: Texto publicado com o título “Virada Para o Popular” e subtítulo “Campanha de popularização elegeu Dácio Pereira da Fonseca em 1976” na coluna História das Sucessões da edição de outubro/novembro de 1995 da revista Phatos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

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