JOSÉ CAIXETA FRAZÃO

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digitalizar0003 - Cópia (2)Entre os fatores primordiais de desenvolvimento de uma cidade, está o da boa qualidade e do espírito empreendedor de seus moradores. A história da humanidade nos oferece constantes exemplos de homens que nasceram predestinados a uma constante: servir a seu povo e a sua terra, transformando sua profissão num verdadeiro apostolado, e colocando a sua existência inteira a disposição daquêles que dela não podem prescindir.

José Caixeta Frazão nasceu em Estrela do Sul a 9 de março de 1912, filho de Antônio de Oliveira Frazão e de dona Brasilina Caixeta Frazão. Iniciou seus estudos em Patos de Minas, concluindo o curso primário no velho grupo escolar “Marcolino de Barros”. Em 1925 passou a cursar o Seminário Marista em Mendes, estado do Rio, onde sempre se distinguiu entre os melhores alunos. Infelizmente em 1932 por motivos de saúde teve de abandonar os estudos.

Fixou então residência definitiva em Patos, que com isso ganhou um grande elemento para seu progresso. Iniciou suas atividades em Patos em 1933 como gerente do escritório do Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais. Mais tarde foi agente da Sul América, muito se destacando e chegou por seu merecimento a ser o primeiro inspetor da mesma, na zona do Alto Paranaíba.

Em 1941 na progressista administração do prefeito Fonseca Sobrinho, foi por êle convocado a fazer parte da administração, ocupando o cargo de Inspetor do Ensino Municipal. Em 1946 sendo criado pela prefeitura o Serviço de Educação, foi o senhor José Caixeta Frazão, graças a seus méritos nomeado chefe do mesmo. Em abril de 1947 foi levado para o cargo de Secretário, onde estêve lotado até que em janeiro de 1952 foi nomeado Diretor Geral de Administração. Em 1956 graças a seus grandes conhecimentos de administração foi nomeado para as funções de Diretor do departamento de Fazenda, cargo que exerceu até abril de 1958, voltando ao seu cargo de Diretor do Departamento Administrativo, onde estêve até 25 de fevereiro de 1959, quando foi colocado em disponibilidade remunerada.

Em 1.º de fevereiro de 1963 foi novamente chamado a ativa como chefe de gabinete, sendo nomeado em caráter efetivo em 1.º de abril para o cargo de Diretor do Departamento Administrativo. Nesta mesma administração graças a seus vastos conhecimentos é convocado para responder também pela chefia do gabinete e do departamento de Obras. De 1948 até 1959 foi o organizador dos cursos e semanas pedagógicas. É o autor da lei regulamentando os serviços da Prefeitura, do Serviço de Educação, do Programa do Ensino Rural e do Código Tributário do Município.

Homens como o senhor José Caixeta Frazão é que fazem a grandeza e o progresso de uma terra.

José Caixeta Frazão faleceu em 14 de junho de 1969. O vereador Breno Caixeta de Melo fez o seguinte pronunciamento:

Correu pela manhã de ontem, como o fulminar angustiante de um raio, a dolorosa notícia que transformou a todos nós: Faleceu o nosso prezado amigo, José Caixeta Frazão.

Nossa memória procura ver aquela figura humilde e simpática e ouvir sua voz, sentindo então, a saudade do nosso estimadíssimo Frazão.

Um vácuo imenso nos invade a alma, e nossa inteligência recusa-se a acreditar no inevitável. Mas tal é a condição humana: viver, lutar, morrer.

Frazão, quiz a egrégia Câmara Municipal que minha pessôa lhe apresentasse, em seu nome, as homenagens póstumas, que lhe trouxesse o abraço doloroso do Adeus eterno.

E sabe bem os sentimentos da Câmara Municipal de Patos de Minas! Você conheceu bem todos os seus integrantes e por isto mesmo, poderia avaliar o quanto sentimos com seu passamento prematuro!

O seu nome está ligado ao Executivo e Legislativo Patenses e seu exemplo permanecerá redivivo entre os pósteros como uma lição, um incentivo, pela assiduidade ao trabalho, pelo zêlo, honestidade e carinho com que pautou a sua vida de funcionário público dêste município a que tanto amou.

E o amou tanto ou mais que a terra que lhe serviu de bêrço: Estrêla do Sul.

Iniciando a sua nobilissima profissão de funcionário público, como Inspetor de Ensino por ato do então prefeito sr. Clarimundo José da Fonseca Sobrinho em 24 de setembro de 1.942, ocupou, dai por diante, todos os elevados cargos da administração municipal, com honradez, com abnegação, com honestidade.

E no dia 24 de maio do ano em curso, sob as alegrias da Festa Nacional do Milho, e aplausos de todos os presentes, lavrava a ata que registrou a inauguração do “seu” sonhado Palácio dos Cristais.

Mas, o povo patense que não teve oportunidade de prestar-lhe uma justa homenagem de agradecimento por todos os longos anos de vida dedicados ao município, aqui se apresenta para “post mortem” e com imenso pesar, trazer-lhe o abraço agradecido.

É com a voz entrecortada pela emoção que lhe dirijo as últimas palavras do Legislativo Patense, nobre amigo, na hora derradeira da despedida.

Teu corpo baixa à sepultura mas, seu espírito paira mais vivo do que nunca sôbre o bem que empreendeste a Patos de Minas. Leve, consigo entretanto, a certeza de haver lutado com denôdo o combate da honra e do dever.

Não vou, porém, prolongar mais êste momento de tristeza e lágrimas. Aceite, pois dileto amigo, nossas despedidas comovidas, e a nossa prece ao Todo Poderoso para que lhe dê o merecido repouso.

Que sua boníssima alma ajoelhada diante do Senhor, interceda por todos os seus concidadãos de Patos de Minas.

Receba assim, saudoso Frazão, a nossa última homenagem, a última homenagem do Legislativo Patense com nossas lágrimas, lágrimas de uma imorredoura saudade!

Outro que se pronunciou foi o então Prefeito Sebastião Silvério de Faria:

Honra-me, sobremaneira, a difícil incumbência de trazer ao grande amigo dêste município, o último adeus do executivo patense, a homenagem póstuma do Senhor Prefeito e de todos os servidores municipais.

Tarefa difícil porque não é fácil encontrar palavras que traduzam o agradecimento de um povo àquele que tanto bem nos fez; àquele que fez da causa pública o seu modus-vivendi, a sua própria razão de ser.

Filho de Antônio de Oliveira de Frazão e de D. Brasilina Caixeta, nascido aos 9 dias de março de 1912 no vizinho município de Estrêla do Sul, sua vida estava predestinada a servir seu semelhante. Pensava ter vocação para o sacerdócio e cursou vários anos de Seminário. No entanto, Deus lhe destinava outro apostolado; não o queria como pastor de almas e sim, como servidor público exemplar. E êle o foi.

Moço ainda, esposava Da. Wanda Mourão Frazão e se radicava em nosso meio, ingressando no quadro de funcionários da Prefeitura, como Inspetor do ensino Municipal, através do Dec. Lei n.º 72, de 24 de setembro de 1941; Decreto, êsse, assinado pelo então Prefeito, Clarimundo José da Fonseca Sobrinho.

Dêsde aquela data, acompanhando pari passu as gestões dos prefeitos que se sucederam, ali estava José Caixeta Frazão, colaborando e orientando e sempre visando o bem comum.

No seu curriculum-vitae constatamos a existência de um sem número de portarias do Poder Executivo; ora, nomeando-o auxiliar do Presidente da Comissão de Racionamento de Combustível do Município de Patos, ora, Chefe de Serviço de Educação da Prefeitura. Após, sucederam-se outras, nomeando-o Secretário da Prefeitura, ocasião em que, também através de Portarias, ministrava às Professoras Rurais do Município, Noções de Legislação Municipal; organizava programas da Semana Pedagógica do Professorado Rural Municipal e participava de bancas Examinadoras de Concursos Públicos. Ainda como Secretário da Prefeitura, foi encarregado de elaborar o Programa de Ensino para o curso Rural Municipal; de reformar o Regulamento das Escolas do Município; de promover a concorrência pública para o primeiro calçamento efetuado na cidade; de colaborar com o Serviço Eleitoral, de elaborar o Projeto do Código Tributário do Município e o Regulamento dos Serviços da Prefeitura.

Finalmente, em 31 de dezembro de 1951, o Dr. Jacques Corrêa da Costa o nomeava Diretor Geral de Administração.

No exercício dêsse cargo José Caixeta Frazão se desdobrava, ora, respondia pelo expediente do Serviço de Contabilidade, ora, respondia por outros expedientes.

Tal era o seu amor ao serviço público, que sòmente após 13 anos, 3 meses e 9 dias de exercício efetivo, requereu sua primeira licença de férias.

José Caixeta Frazão exerceu o cargo de Diretor Administrativo em várias gestões passadas. Exerceu, outrossim, o cargo de Chefe de Gabinete, também de gestão passada; vindo, finalmente, a ser nomeado, em caráter efetivo, pelo Decreto n.º 2/63 de 1.º de abril de 1963 para o cargo de Diretor do Departamento Administrativo, onde permaneceu até esta data.

Ali, respondeu pelo Departamento de obras; ali, elaborou Código Tributário e Orçamentos sucessivos; ali, recebeu votos de congratulações da Câmara de Vereadores, por serviços prestados ao município.

Volta, novamente, à Chefia do Gabinete, responde pelo expediente de dois outros Departamentos – Administrativo e Obras – Participa de Comissões diversas, se fez presente em todos os setores da administração municipal; amou esta Prefeitura, para a qual viveu; amou êste povo que não era o seu mas que o acolheu com carinho; fez amizades incontáveis e deixou saudades.

A você, José Caixeta Frazão, o respeito profundo, a homenagem sincera do Poder Executivo Patense, na pessoa do Senhor Prefeito Ataídes de Deus Vieira.

A você, o carinho especial de todos os servidores municipais na palavra dêsse amigo que já chora saudades.

A você, José Caixeta Frazão, o penhor eterno de todo povo desta terra que amou e que, agora, o acolherá.

À sua família, o sincero pezar pelo passamento do seu ente querido, filho, marido, pai, avô e irmão exemplar.

* Fontes: Edição de junho de 1963 da Revista Silhueta, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, e edição de 15 de junho de 1969 do Jornal dos Municípios, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

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