UMA CORUJA POUSOU NO MEU TELHADO

Postado por e arquivado em 2015, DÉCADA DE 2010, FOTOS.

Se foi coincidência ou não, sei lá! Chegando ao quintal mirei o céu azulíssimo sem uma nuvem sequer. Lá no alto, parece que estava ocorrendo uma briga de pássaros em pleno voo. Uns quatro ou cinco pardais acompanhados de dois bem-te-vis, um joão-de-barro e até um minúsculo colibri fustigavam uma ave bem maior que eles. Era uma coruja. Garbosamente, ela pousou no telhado da casa ao lado. Os pássaros também, mas afastados, numa algazarra tremenda, como que querendo expulsar aquele predador. E ela nem aí, contorcendo pra lá e pra cá o seu pescoço com desdém. Os pássaros me viram e se mandaram. Ela então olhou pra mim e voou para a beirada do telhado de minha casa, ficando numa posição ideal para mirar meus olhos. E assim ficou pelo menos uns dez minutos, uma verdadeira eternidade. Até que abriu as asas lentamente, numa espécie de despedida, e foi embora num majestoso voo. Esteve no meu telhado um representante da espécie Athene cunicularia, mais conhecido pelo nome de Coruja-buraqueira. De repente me lembrei daquele mundaréu de coisas ruins que falam sobre as corujas. Será que ela veio me trazer sabedoria ou aviso de morte? Será que era uma bruxa com seu disfarce favorito? Dizem que na Roma antiga as mortes de Júlio César, Augusto, Aurélio e Agripa foram anunciadas por uma coruja. Gente já me disse que uma coruja começou a piar num poste de frente à casa dele e dias depois morreu um vizinho. Como interpretar aquele olhar penetrante de incomodar a alma?

0* Texto e foto (22/07/2015): Eitel Teixeira Dannemann.

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