CACHORRO CAÇADOR DO LERÔ, O

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HISTORIAS DE PESCADOR - MURALJOIA.COMO Lerô sabe apreciar bastante uma pescada. Para ele não há coisa melhor. De vez em quando desenferruja também os canos da famosa Winchester, que ele herdou de seu avô, aquela que mata até na curva. Não sei o que ele apronta, o certo é que nunca perdeu um tiro.

Um dia destes, foi caçar e pescar com uma turminha animada: o Walter Caixeta, o Zé Maria Vaz Borges, o Ivo e um amigo lá do Rio de Janeiro.

Muitas vezes o caçador é quem leva a fama, quando todo o merecimento cabe ao cachorro, por exemplo. E foi precisamente o que aconteceu.

Os pescadores têm a mania de atravessar o rio, depois voltam e assim passam o tempo zanzando pra lá e pra cá, sem nada pegar. Não sei por que motivo, o Lerô botou dentro da canoa sua arma secreta, o melhor perdigueiro da região, por sinal chamado “Visgo”, e foi atravessando o Rio da Prata, quando o cachorro quase no meio, dá uma amarrada¹ espetacular, que chamou a atenção de todos.

– O que é isso, Lerô? Esse Visgo seu não estará doido? – diz o Zé Maria. Você já vacinou ele?

Só mesmo o Lerô para compreender o seu amigo e caçador fiel. Sabia ele que o Visgo nunca negara. Se amarra¹, é porque há qualquer coisa ali. Mas, dentro da canoa?

O Lerô freou o barco com o leme e pedindo silêncio para a turma, bateu o anzol bem iscado, na perpendicular do Visgo. Foi só o tempo de se ajeitar no assento da canoa quando percebeu a corrida de um enorme peixe. De fato era um Dourado dos mais adubados. E aí foi ficando entusiasmado, chamando a atenção dos companheiros:

– Eu não disse para vocês? Este Visgo não falha! É um cachorro de exposição!

Lerô acaba de arrastar o peixe para dentro da canoa e faz questão de provar para os amigos tudo o que havia de realidade ali: abriu imediatamente a barriga do Dourado, arrancando dali uma enorme Perdiz.

O Zé Maria, admiradíssimo, disse ao Lerô:

– Marreco, isto é coisa fora de série!

– Ok – conclui o Walter Caixeta.

* 1: Apontar a caça, quando o cão fica “amarrado”. Percebendo a presença da presa, este tipo de cão permanece imóvel como uma estátua, tensionando cada músculo do corpo, demonstrando sua total atenção, geralmente com uma das patas dianteiras dobrada, a cauda vibrante e apontando com o focinho em direção a presa.

* Fonte: Texto publicado sem título na coluna Todo Pescador Mente da edição de 03 de agosto de 1980 do jornal Boletim Informativo, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Muraljoia.com.

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