JOSÉ MENDES MAGALHÃES

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DSC02485É fato que dos inúmeros forasteiros que aportaram em Patos de Minas nos idos tempos alguns se sobressaíram pela identificação com a cidade e se tornaram personagens que contribuíram para o seu progresso. José Mendes Magalhães, o Capitão Mendes, é um digno representante deste grupo de pessoas que num período muito curto de estadia e trabalho na nova terra se tornaram patenses de alma e coração. Ele define a sensação que teve quando se transferiu para cá: “Cheguei com a família aqui à noite e fui morar numa casa que existia em frente ao INPS na Rua Tiradentes. Logo depois uma senhora nos procurou para dizer que se a gente precisasse de alguma coisa era só falar. Essa recepção, essa atitude dessa senhora mostrou que a gente estava chegando numa cidade hospitaleira e que com certeza teríamos uma boa convivência e uma boa vivência, o que realmente se concretizou”.

Um dos cinco filhos de Álvaro Mendes de Magalhães e Calixta de Oliveira Costa, José Mendes Magalhães nasceu em 11 de maio de 1940 na pequena cidade de Matipó, na Zona da Mata mineira. A família morava num sítio e lá teve uma infância com muita bolinha de gude, peladas em campos poeirentos e banhos no Rio Matipó. Estudou numa escola rural até os onze anos de idade. Fez o Curso Ginasial em Manhuaçu-MG e o Científico em Ponte Nova-MG, completado em 1959.

Em 1961 ingressou na ESA – Escola de Sargento das Armas, em Três Corações-MG. Após a formatura, Mendes permaneceu na Escola por mais sete anos como Instrutor. “A Escola dá ao cidadão uma experiência de vida, experiência ética, experiência moral, convive com pessoas do Brasil todo e eu falo sempre com muito orgulho que o Exército é a instituição mais democrática que existe, apesar das pessoas pensarem diferente. Lá as pessoas tem o mesmo tipo de alimentação, ninguém escolhe o lugar de sua cama, é por ordem alfabética. Já houve reuniões de 30, 40 e até 60 anos de formados. A Escola realmente me preparou para a vida. Fui formado e depois trabalhei como formador de profissionais. Normalmente quem vive naquele ambiente tem uma vida reta, honesta, séria”.

Em seu tempo de ESA, conheceu Maria Rosa Boareto, que se tornaria sua esposa em 17 de dezembro de 1964, sua companheira e braço direito nas várias transferências militares que ocorreram. Em 1968 foi para Juiz de Fora-MG, ficando até o início de 1972, quando através de requerimento aprovado mudou-se para Poços de Caldas-MG com a árdua missão de recuperar o Tiro de Guerra local, trabalho que se estendeu até 1977. “Fui agraciado com o título de melhor Instrutor da 4.ª Região Militar. Estava muito bem adaptado àquela cidade, terminando de construir uma casa e iniciando o 3.º ano do Curso de Matemática. Então fui informado que seria transferido para Lavras-MG. Argumentei com meu chefe mas ele foi curto e grosso encerrando o assunto: – ‘Eu preciso de você em Lavras’. E assim fui para Lavras”. Em Lavras foi outra etapa de reconstrução de Tiro de Guerra. “Houve uma revolução na zona rural pela assistência odontológica e médica. Isso chamou a importância para Tiro de Guerra. Também terminei o meu Curso de Matemática e até dei aulas no Colégio Aparecida”. O trabalho em Lavras foi até 1980, quando pediu transferência para Varginha-MG, permanecendo até 1982. Foi uma boa oportunidade de convivência com a família da esposa, naturais da cidade, onde chegou a dar aulas de Física no Colégio Catanduvas.

De Varginha partiu para Praia Grande no litoral paulista permanecendo até o início de 1984. “Eu tive uma condição de fazer uma coisa que foi unir todo o pessoal do quartel em torno do futebol, unir todos os tenentes e sargentos e famílias, transformando-se numa comunidade muito bonita. Minha saída de lá foi muito doída, por causa das amizades”.

DSC02492Em dezessete de fevereiro de 1984 deu-se início à era Patos de Minas para o casal Magalhães. Atendendo a um convite, veio para assumir a 20.ª Delegacia de Serviço Militar. “Vim com o desafio de assumir a Delegacia que estava cinco meses fechada. Foi um trabalho difícil de recuperar todos os contatos e organizar a casa. Mas eu consegui”. O trabalho na DSM foi até 30 de abril de 1993, quando Mendes entrou para a Reserva, que no meio Civil significa aposentadoria. Mas ele enfatiza: “Aposentadoria só do Exército”.

A vida profissional de José Mendes Magalhães pós “aposentadoria” do Exército foi muito ativa. Trabalhou com Cláudio Nasser de Carvalho até 1994. Em agosto de 1995 foi indicado para o cargo de diretor do SESI. O órgão estava para fechar as portas, mas o trabalho profissional teve na criação do Curso de Geração Empresarial um modelo exemplar. Em 1996 outro desafio: criar o SENAI. Por ter sido a unidade mais bem administrada naquele ano em parceria com a CICA ganhou como prêmio uma viagem à Áustria. Os resultados foram tão positivos que recebeu a incumbência de criar as unidades de Patrocínio, Três Marias, Paracatu e Vazante. Este trabalho se estendeu até 2003. Mendes ainda trabalhou na Associação Comercial por um ano e meio.

Veio então uma pausa nos serviços para terceiros quando resolveu investir num sítio adquirido em 2002, localizado a poucos quilômetros da sede do Distrito de Pindaíbas. A primeira experiência foi com a produção de leite. Mas logo chegou à conclusão que não valia a pena, preferindo então “engordar um gadinho” e praticar a saudável arte do lazer, muito do merecido, por sinal. Atualmente, Mendes divide seu tempo útil entre visitas ao sítio e apoio à esposa e filha na farmácia de manipulação que possuem em sociedade.

Uma das maiores paixões de José Mendes Guimarães é o futebol, que desde a sua infância no sítio da família faz parte de sua vida. “O esporte é uma das melhores atividades de convivência social. Tive duas escolas fantásticas que me incutiram na mente o esporte, a 1.ª foi o Exército e a 2.ª o futebol profissional”. E por pouco ele não seguiu a carreira. Já em sua cidade natal atuava por times amadores. Em Manhuaçu disputou o campeonato regional aos 15 anos e depois fez parte do juvenil do Pontenovense (Ponte Nova), clube que revelou o maior craque da história do Atlético, Reinaldo. E no Galo Mineiro chegou a treinar. Mas não prosseguiu no esporte por causa da classificação no concurso para a ESA. Em Poços de Caldas foi treinador do time de futsal da Caldense. Quando em Lavras, foi indicado para treinar o Fabril de 1977 a 1980. Foi nessa época que o time revelou um jogador que jogou na seleção brasileira. “O Alemão, que fez sucesso no Botafogo, na seleção brasileira, São Paulo, no Nápolis da Itália, foi revelado por mim lá no Fabril. Eu só dei um conselho pra ele: ‘olha, vão te convidar para frequentar botecos, você da uma, duas desculpas até ficar ruim… faça o seguinte: vai estudar’. E ele foi”. Em sua passagem por Varginha dirigiu o Flamengo local.

Em Patos de Minas foi treinador da URT por sete vezes, cinco assumindo a saída do técnico e por duas vezes começou o campeonato. Jogou no veterano do Mamoré, treinou o juvenil, foi preparador físico do time nos campeonatos da LPD. Em 1990 o Sapo disputava a 3.ª divisão. Faltando duas rodadas para o fim da 1.ª fase o técnico Waldir Silva foi embora. Mendes assumiu e foi campeão, subindo o time para a 2.ª divisão. Foi presidente da URT por duas vezes: em 1999/2000, época em que disputou a Copa do Brasil e jogou no Maracanã contra o Fluminense; e depois em 2006/2007. Auxiliou na LPD e foi gerente de esportes no Caiçaras e presidente em 1999/2000.

Aos 75 anos de idade, 50 anos de parceria fiel com a esposa Maria Rosa, quatro filhos (Álvaro, Aldo Luís, Cláudia e Carla), dois netos e dois bisnetos, José Mendes Magalhães é mais um exemplo daqueles forasteiros que adotaram Patos de Minas como sua cidade. Por causa da extensa folha de trabalho, tem uma infinidade de títulos homenageando o seu profissionalismo. E Patos de Minas, em agradecimento ao que ele fez pela terra, também lhe adotou com o título de Cidadão Patense em 11 de abril de 1997.

* Texto e fotos (31/09/2015): Eitel Teixeira Dannemann.

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