Ocorreu a 9 do corrente, nesta cidade, o passamento do Dr. Adélio Dias Maciel, figura das mais prestigiosas e acatadas em nossa sociedade. A vida do ilustre morto foi tôda dedicada a Patos de Minas, seu desenvolvimento e sua gente. Como médico ou como homem público, o Dr. Adélio Maciel sempre teve a primordial preocupação de servir e honrar Patos de Minas. Justos eram, pois, o afeto e o respeito com que os patenses reverenciavam o cidadão modelar, o político sereno e o clínico devotado.
Ao enterro do Dr. Adélio Dias Maciel compareceu quase tôda a população de Patos de Minas. Representações de todos os partidos políticos, de todos os municípios vizinhos, de todos os distritos do município acompanharam o grande cortejo fúnebre. O Governador Juscelino Kubitschek de Oliveira fez-se representar nos funerais pelo Capitão Antônio Falcão. A bancada do Partido Social Democrático na Assembléia Estadual foi representada pelo Deputado Emiliano Franklin de Castro, que em sentida oração se despediu, em nome de seus companheiros políticos, do saudoso líder. Falou à beira do túmulo, em nome da Câmara Municipal de Patos de Minas, o causídico e vereador Dr. Otoniel Pacheco e, em nome do Partido Social Democrático local, o Dr. Delfim Fonseca.
Dentre as numerosas e sentidas homenágens tributadas à memória do Dr. Adélio Dias Maciel, destacam-se as seguintes:
– A Câmara dos Deputados suspendeu a sua sessão do dia 9 e, na tribuna, numerosos parlamentares fizeram o elogio do morto. Falaram o sr. Afonso Arinos, o sr. Vieira Lins, o sr. Moura Andrade, o sr. Magalhães de Melo, o sr. José Guimarães, o sr. Osvaldo Orico e o sr. Israel Pinheiro.
– A Assembléia Legislativa mineira, igualmente, suspendeu a sessão em homenagem à memória do distinto político, falando representantes de tôdas as correntes partidárias do Estado. Comunicando à casa o passamento do Dr. Adélio Maciel, traçou o seu perfil o deputado França Campos, líder da maioria. Associando-se às manifestações de pesar, em nome da UDN, falou o nosso conterrâneo Deputado Ernani de Morais Lemos. Falaram, ainda, o Deputado Ari Gonçalves, do PR, e o Dr. Ribeiro Pena, Presidente no Legislativo Estadual.
– O Deputado Benedito Valadares, impossibilitado de comparecer aos funerais, enviou um representante e a bancada pessedista mineira solidarizou-se com a família e com o diretório local do PSD.
– Os estabelecimentos de ensino da cidade e tôdas as classes sociais do município associaram-se às homenagens prestadas ao distinto mineiro.
O Dr. Adélio Dias Maciel desaparece aos 64 anos de idade. Era casado com D. Walda (Iaiá) Magalhães Maciel, que lhe sobrevive. Logo depois de concluído o seu curso médico, no Rio de janeiro, ingressou na vida pública, sendo eleito vereador e, a seguir, Presidente da Câmara Municipal.
A sua atuação na política, decisiva e importante, sempre se revestiu de tolerância e esforço. Mais tarde, elegeu-se deputado estadual e federal. Foi um dos constituintes de 1934 e exerceu, com brilho, mercê de seu trabalho incansável, as suas funções nas Câmaras Estadual e Federal. Ultimamente, apesar de enfermo, o Dr. Adélio Maciel era um dos políticos atuantes desta região e, membro da Comissão Executiva do PSD, pretendia revitalizar o partido situacionista nesta zona. Foi, também, Inspetor Federal de Ensino. A par das suas atividades políticas, exerceu sempre, com abnegação e zelo, a profissão a que se entregou por vocação inequívoca e através da qual prestou imenso serviço à sociedade – a medicina.
O Dr. Adélio Maciel era sobrinho do Presidente Olegário Dias Maciel e irmão do Deputado Dr. Leopoldo Maciel. Deixa entre nós numerosos irmãos, dentre os quais o sr. Zama Maciel, vereador à Câmara Municipal.
A família enlutada continua a receber numerosas manifestações de pesar pelo falecimento do cidadão que foi, durante tôda a sua existência, um dos melhores e mais ilustres amigos e defensores de Patos de Minas. “Tribuna de Patos”, interpretando a dor dos patenses, e lamentando a grande perda que a cidade e o Estado acabam de sofrer, envia à família Dias Maciel as suas condolências.
* Fonte: Texto publicado na edição de 16 de agosto de 1953 do jornal Tribuna de Patos, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.
* Foto: Do livro Domínio de Pecuários e Enxadachins, de Geraldo Fonseca.
