Educação e Política são dois símbolos progressistas na vida do cidadão Dercílio Ribeiro de Amorim, nascido no distrito de Pindaíbas em 13 de julho de 1938, filho de Dercílio Jacinto Ribeiro e Genuína Maria de Amorim. É mais um dos inúmeros exemplos que começaram a trabalhar cedo, intercalando estudo com alguma atividade produtiva, e que se tornaram homens probos e contribuintes para o progresso da cidade. “Naquela época a gente podia trabalhar desde novo, enquanto hoje… Eu defendo que a criança tem que ter uma ocupação, hoje acontece que estes que não têm ocupação acabam a maioria se perdendo na vida. Um dia fui numa casa de uma senhora com dois filhos menores de 6 e 8 anos e um de 14. Separada, tinha que sair para trabalhar e os filhos ficavam em casa. O mais velho não gosta de escola, então ela arrumou um serviço pra ele. Poucos dias depois queriam prender o patrão. Então ela teve que tirar o menino do serviço e ele fica por aí, aprontando pela rua, porque ele não pode ter uma ocupação”.
Os pais de Dercílio tocavam uma fazenda em Pindaíbas quando sentiram necessidade de morar na Sede para dar oportunidade de estudo aos filhos, que chegaram a quatorze (doze homens e duas mulheres). Dercílio tinha quase três anos de idade quando conheceu a sede do município. Teve uma infância tradicional até iniciar os estudos no Grupo Escolar Marcolino de Barros, aos 7 anos. O Primário foi concluído em 1949 aos 11 anos. “Meu pai teve um golpe violento com a crise do Zebu em 1945. Fomos morar numa casinha simples na Rua Ouro Preto, perto do Cemitério. Por isso a partir dos oito anos eu já trabalhava engraxando sapatos. Mesmo com o golpe a família se reergueu e todos se deram bem”.
Por causa do revés econômico familiar, logo depois de completar o Primário, Dercílio começou a trabalhar no comércio do Joãozinho Andrade. Em 1956, matriculou-se no curso noturno do Colégio Comercial Sílvio de Marco, onde fez o Ginasial. E no mesmo estabelecimento de ensino formou-se em Contabilidade no ano de 1963, quando então trabalhava na Tesouraria do Hospital Nossa Senhora de Fátima. Mais adiante, fez parte da primeira turma de História da recém-inaugurada Faculdade de Filosofia, hoje UNIPAM, formando-se em 1970.
A Política faz parte da vida de Dercílio desde 1958, quando trabalhou na campanha de Sebastião Alves do Nascimento (Binga) para prefeito. Em 1963, como presidente da UEP – União Estudantil Patense, começou a se destacar no meio. Foi então convidado a participar como vice-prefeito na chapa de Ataídes de Deus Vieira, eleita em 15 de novembro de 1966, chegando a assumir o cargo temporariamente em 1969. A atividade politica se intensificou proporcionalmente à aceitação pública, tanto que foi nove vezes vereador e três vezes presidente da Câmara Municipal, em mais de 35 anos de atividades, encerradas em 2000 como Secretário Municipal na gestão de Elmiro Alves do Nascimento. “Foi um período de grande crescimento e desenvolvimento de Patos de Minas, a representatividade que a gente procurou dar, principalmente como presidente da Câmara, mostrar, acompanhar que os prefeitos quando eleitos tinham que contar com a participação do Poder Legislativo e isso aconteceu, nós sempre procuramos contribuir para que Patos de Minas pudesse alcançar o seu objetivo e chegar ao seu pleno desenvolvimento”.
A Avenida Padre Almir Neves de Medeiros recebeu o nome por indicação sua, assim como a Escola Estadual situada no Alto Colina. Também foi indicação sua os nomes da Escola Estadual Jacques Corrêa da Costa e da Avenida Afonso Queiroz. Quatro pessoas indicadas por ele receberam o título de Cidadão Patense: Dom José Coimbra (por ter sido o 1.º Bispo e por sua simplicidade), Frei Joaquim de Gangi (pela importância para a Comunidade dos Capuchinhos), Dr. Rubens Soares (que foi Juiz de Direito) e Augusto Soares.
A Educação patense também teve uma enorme contribuição de Dercílio Ribeiro de Amorim. Em 1969, Waldemar Antônio Mendes teve seu apoio na fundação do Ginásio Esperança no distrito de Major Porto, que foi adquirido pela Prefeitura em 1971 e extinto em 1985, quando se implantou a extensão de série na Escola Estadual. Como bom filho de Pindaíbas, fundou o Ginásio João XXIII em 20 de janeiro de 1971, em parceria com João Fonseca dos Santos. “Os alunos terminavam o 4.º ano Primário lá e tinham que vir para Patos. Então resolvi instalar um curso Ginasial para os alunos não terem de sair de lá. Eu pensei em contribuir com o lugar onde nasci. Não era uma grande escola, mas contribuiu muito e de lá saíram profissionais liberais, médicos, advogados, engenheiros, sacerdotes, professores e outros que souberam engrandecer a Escola”. Com a extensão das séries na escola pública e, consequentemente, a falta de alunos, Dercílio e João Fonseca se viram na contingência de encerrar as atividades da escola em 1982.
Fundada por Carlos José Gomes, Maria Helena da Silva, Maria Marra de Araújo, Marta Maria Gomes, Natal Gomes Porto e Oswandino Alves de Araújo, a Sociedade Educacional Presidente Kennedy passa a manter o Ginásio Presidente Kennedy, cujo funcionamento teve início em 11 de março de 1968, na Praça Dom Eduardo, 317. Dercílio trabalhava na escola quando se tornou sócio. Um ano depois, compram um lote no início da Avenida Paracatu e constroem a sede própria. Com o passar dos anos, Dercílio foi comprando a parte de cada um até se tornar o único proprietário. Atarefado com a atividade política, alugou o estabelecimento de ensino no final de 1979 e o vendeu definitivamente em 1980. Hoje é o Colégio Da Vinci.
Outros eventos no setor educacional tiveram a participação de Dercílio. “Em 1960, auxiliei o Binga, que era o prefeito, na criação do Colégio Municipal. Quatro anos depois, o Binga, desta vez como Deputado, conseguiu transformá-lo em Estadual. No meu tempo de vice-prefeito participei do movimento para a criação da Faculdade de Filosofia”.
Dercílio lembra com muita satisfação a sua luta para trazer o 15.º Batalhão da Polícia Militar para Patos de Minas. Na gestão de Waldemar da Rocha Filho, Dercílio e seu colega de Câmara Municipal Sebastião Versiani conseguiram o terreno para a instalação do Batalhão. Durante a construção, Dercílio acomodou 72 militares nas dependências de seu Ginásio Presidente Kennedy. “Considero a vinda do Batalhão uma de minhas maiores vitórias na política e considero também que a História de Patos se divide no antes e depois dele”.
Não foi somente pelo que representa Padre Almir para Patos de Minas que Dercílio teve sua indicação aprovada para denominar a avenida e a escola com o nome do religioso. Padre Almir foi uma figura importante em sua vida, um grande amigo e responsável por seu casamento com Mônica Araújo Caixeta, filha de Jorge Caixeta de Melo e Isaura Batista de Araújo Caixeta. “Padre Almir veio para Presidente Olegário como seminarista. Era um solitário. Foi então acolhido por minha sogra. Como eu ia muito lá, acabei por conhecê-lo e logo me encantei pelo seu carisma e religiosidade. Foi então que conheci a Mônica. Depois de sua ordenação em 1956, o Padre Almir veio para a nossa Paróquia. Eu e Mônica namoramos sete anos e nos casamos no Civil em 09 de janeiro de 1967, lá em Presidente Olegário. No outro dia houve o Religioso e, claro e evidente, foi o Padre Almir que celebrou.
O dia 09 de janeiro é uma data mística para Dercílio Ribeiro de Amorim. Foi no dia 09 de janeiro que sentiu uma das maiores alegrias de sua vida: o casamento com Mônica. “Considero a Mônica a maior conquista da minha vida”. Em contrapartida, o dia 09 de janeiro lhe proporcionou o pior momento de sua vida: o falecimento de Mônica num acidente de automóvel no ano de 2005, um dia antes em que completaria 62 anos de idade. “Foi trágico, 38 anos de casados, até hoje sinto falta dela, tanta falta que nunca me casei novamente porque sabia que não encontraria outra pessoa que pudesse ocupar seu espaço”.
Dercílio teve um único filho com Mônica, Geovani Roncalli Caixeta Ribeiro, Médico Pneumologista e atual coordenador do Centro de Memória da Medicina Dr. Adélio Maciel, e atualmente dois netos. Aos 77 anos, segue a vida sem ter a mínima preocupação em ser reverenciado por tudo o que fez e ainda continua fazendo por Patos de Minas.
NOTA: Dercílio Ribeiro de Amorim faleceu em 16/07/2017.
* Texto e fotos (05/11/2015): Eitel Teixeira Dannemann.
