ENROLANDO

Postado por e arquivado em ARTES, FERNANDO KITZINGER DANNEMANN, LITERATURA.

Enrolando foi um ponta-direita que jogou durante alguns anos no time principal do Meteopé, numa época em que craque os clubes de Periquitinho Verde faziam em casa. E divulgavam essa particularidade com um orgulho danado, porque a cidade era, de fato, um celeiro de jogadores muito bons, que não faziam feio em lugar nenhum.

No que diz respeito ao Enrolando, seu apelido deve-se ao fato de que ele era um capeta para driblar os marcadores, o que deixava a defesa adversária completamente desnorteada. Por isso o centroavante Manfredo Fraga, seu companheiro de equipe, costumava gritar em campo, entusiasmado: “continue enrolando esses pernas-de-pau, menino, porque enquanto isso eu vou fazendo os meus golzinhos”.

O que falam por aí, sem que ninguém saiba se é verdade, é que certo dia o Enrolando resolveu tirar sua carteira de motorista. Na época, nossa indústria automobilística avançava a passos largos, e as cidades aumentavam a cada dia sua frota de veículos automotores. Foi nesse embalo que o atleta meteopense resolveu trocar a intenção pela ação: procurou uma auto-escola, estudou teoria, e finalmente passou à aula prática. Na primeira delas ele entrou no carro esbanjando confiança, certo de aquilo seria “moleza”, que sua aprovação estava garantida. Foi quando o instrutor comandou:

– Agora você ligue o motor e saia bem devagarzinho.

Enrolando ouviu, botou o motor para funcionar, abriu a porta e tratou de sair do carro o mais devagar que pode. Resultado: acabou reprovado, sem direito a segunda época.

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