WALTER FERREIRA SOARES

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DSC02665Walter Ferreira Soares, nascido em terras patenses no dia 11 de julho de 1955, tem tudo a ver com versatilidade, tamanha a sua aptidão em empreender em diversas ocupações. E não foram poucas, desde os sete anos de idade. É mais um daqueles infindáveis exemplos de cidadãos que não tiveram problema algum em trabalhar ainda garoto. “Hoje, o jovem não pode trabalhar, e fica por aí ocioso, se perdendo na vida. Eu tirei carteira de trabalho com 13 anos, trabalhar é dignificante, não importa a idade, qualquer atividade de trabalho é importante para incutir responsabilidade na cabeça de um jovem. O que o Brasil está fazendo hoje com a nossa juventude, ao não lhe fornecer educação digna e obrigando-a a ficar ociosa, é o mesmo que incitá-la ao crime”.

Walter é um dos sete filhos de Randolfo Ferreira Coelho e um dos oito de Maria Ferreira Soares. A infância foi vivida num casarão antigo localizado na esquina da Rua Tiradentes com General Osório¹. Aos sete anos, estava morando no Bairro Rosário. Foi quando começou a estudar e completou o primário no Grupo Escolar Professor Modesto. E nesse tempo, após os estudos, já ganhava um dinheirinho vendendo pirulitos de tabuleiro na porta da escola.

Com menos de 13 anos de idade, demonstrando uma maturidade precoce, abandonou os estudos e partiu para Brasília em busca de maiores oportunidades. “Naquele tempo o pessoal não exigia documento de menor e o motorista da São Cristóvão, José Marra, me conhecia. Fui trabalhar de engraxate, lavar carros e durante um bom período dormi dentro de elevadores. Várias vezes pedi comida nas casas. Um dia conheci o Wagner Canhedo Azevedo, milionário que era dono da Wadel, uma transportadora de combustíveis e depois foi dono da VASP. Todo sábado eu lavava os três carros da família, um Galaxie Landau dele, um Sinca Chambord da esposa e um Gordini do filho. Aí almoçava e depois engraxava de quinze a vinte pares de sapatos. Meu primeiro emprego de carteira assinada, com 13 anos, foi num supermercado, como empacotador. A melhora na renda fez com que eu pudesse morar numa república. Mas, sei lá porque, depois de dois anos e meio, resolvi voltar para Patos de Minas, onde engraxei sapato no Hotel da Luz, vendi picolé e bolo nas construções, fui servente de pedreiro e ainda trabalhei nos Correios e Telégrafos”. Foram com estas sadias experiências de vida, de trabalho honesto sem vadiagem, que a personalidade do jovem se formou para um futuro promissor que o esperava.

Aos 18 anos, Walter retornou a Brasília com o intuito de servir à Marinha. Um ano após, voltou para Patos de Minas e trabalhou como motorista de caminhão durante seis meses, carregando minério de Vazante para o Rio de Janeiro. Um dia, através da Rádio Clube de Patos, ouviu o Wulfrânio Patrício anunciar que o Hospital Imaculada Conceição estava precisando de um auxiliar de enfermaria. “Se não me engano foi em 1974. Lá na Marinha eu trabalhei na Enfermaria, sabia bem aplicar injeção e essas coisas do ramo. Ouvi o Patrício e fui lá. Eram 25 pessoas para duas vagas. Passei eu e o filho do Joãozinho Barbeiro”.

Na época, Patos de Minas estava vivendo as efêmeras glórias da descoberta do fosfato. A então CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais estava montando a usina de exploração na Rocinha, que viria a ser a Fosfértil. Como a empresa tinha um convênio com o Hospital Imaculada Conceição, Walter recebeu uma proposta para trabalhar na Fosfértil como enfermeiro. Como o salário era bem melhor, a proposta foi aceita. Por lá ficou onze anos e ainda trabalhou no escritório, mais especificamente no Setor de Gestão de Serviços.

Em 1986 houve outra reviravolta na vida de Walter, quando aceitou uma proposta para ser gerente regional da empresa Conservo Serviços Gerais, que prestava serviços de limpeza à Fosfértil. Nesse período, enfronhou pela primeira vez no meio político. “Em meados de 1988 o Arlindo Porto me convidou para ser candidato a vereador. Foi a maior loucura que eu fiz na minha vida até hoje. Obtive 482 votos e perdi para gente que teve menos voto que eu. É um mundo que não quero participar”.

No final da década de 1980 houve o processo de privatização da Fosfértil. No chamado enxugamento da máquina, ela dispensou todo o setor terceirizado. “Já não justificava manter o escritório regional da Conservo de Patos. Então fui convidado para assumir a diretoria de operações em Belo Horizonte. Não aceitei porque não queria deixar a família em Belo Horizonte para ficar viajando a semana toda por 156 municípios, onde a empresa prestava serviços”.

Foi aí que veio a segunda experiência na área política, na gestão de Antônio do Valle Ramos, quando foi chefe do setor de Compras e Materiais, no período de janeiro de 1989 a março de 1990. “Eu fiz um bom trabalho, organizei a casa, mas senti que estava afetando a susceptibilidade de alguns justamente por estar organizando a casa. Aí cai fora e nunca mais quero mexer com política”.

ENCERADEIRANesta altura do campeonato, com toda a experiência adquirida na vida e na Conservo, Walter considerou que era o momento propício para montar o seu tão sonhado negócio. E ele veio, em sociedade com Eustáquio Pereira Dias. Em 08 de março de 1990 foi fundada a Conserbras Multi Serviços. “Nosso primeiro cliente foi o Toninho da Motopatos, que estava concluindo o Edifício João e Maria e fomos fazer a limpeza do prédio. Depois, em maio, veio o Edifício Jobis, que está conosco até hoje”. Em julho a Conserbras venceu uma licitação para atender a CEMIG em várias cidades do Alto Paranaíba. “Um grande negócio, mas não tínhamos capital para atender. O jeito foi fazer um empréstimo com o Jair Corrêa. Quando chegou o momento de pagar, percebemos que não dava. Então o convidamos para entrar como sócio e quitar a dívida. Ele aceitou e tudo se ajustou.”

Veio o ano de 1993 e o Eustáquio Pereira Dias resolveu se afastar da sociedade para abrir uma empresa com um irmão na cidade de Uberlândia. Mais um problema que a versatilidade de Walter resolveu sem maiores problemas. “Eu não tinha disponibilidade no momento, mas tinha a nossa casa onde morávamos no Bairro Caramuru. Com a aprovação da família, vendi a casa e inteirei com o Jair a quantia para comprar a parte do Eustáquio”. Pouco depois a Conserbras começou a prestar serviços à CTBC em quase todas as suas regionais. Foi um enorme avanço que possibilitou ao Walter, em 1996, comprar a parte do Jair Corrêa e a partir daí ser o único proprietário da empresa. Hoje a Conserbras atende Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás.

O ano de 1999 foi trágico para o empresário. Em maio, numa viagem de negócios, sofreu um sério acidente automobilístico após a ponte do Rio Araguari, próximo a Uberlândia. “Fiquei quase duas horas preso às ferragens. Tive traumatismo craniano, hemorragia cerebral, cinco costelas fraturadas e duas que perfuraram um pulmão. Fiquei oito dias no CTI e trinta e dois dias com amnésia total. Cheguei a perder doze quilos. Mas, graças a Deus, me recuperei sem sequela física alguma”.

Totalmente recuperado do traumático acidente, Walter Ferreira Soares continuou seu trabalho frente à Conserbras, tornando-a a cada ano mais forte no mercado. Em 2010, passou a atuar na Limpeza Urbana em algumas cidades do Noroeste Mineiro e Alto Paranaíba e hoje na Região de Diamantina e Sul de Minas, e já conta com doze caminhões, “todos com placa de Patos de Minas”, faz questão de enfatizar o empresário, e seu grande “Sonho” é ver sua empresa fazendo a Limpeza Urbana de Patos de Minas. Em 2012 criou outra empresa, a Vigibras, especializada em segurança, que hoje atua na Região de Belo Horizonte, no Norte, Noroeste Mineiro e Alto Paranaíba. O Grupo Conserbras conta hoje com quase 650 funcionários

Além do sucesso como empresário, Walter Ferreira Soares brilhou no rádio. Tudo começou em 1980 na Rádio Princesa de Lagoa Formosa ao lado da dupla Osmano e Manito e na equipe esportiva, que lhe deu oportunidade de cobrir muitos jogos de futebol no Mineirão. Depois foi para a recém-inaugurada Rádio Patos em 1990, onde participava no programa Cidade Urgente ao lado do amigo Ricardo Faria. “Era um programa policial, com muito humor, das sete e meia às oito da manhã. Criei alguns chavões que o ouvinte adorava, como ‘o fulano encheu a cara de grozope’ (cachaça), ‘zbm’ (zona do baixo meretrício), ‘suco de borracha’ (cacetete) ‘Rita Pavone’ (rádio patrulha), ‘homem do bigode’ (delegado), ‘Pensão da Dona Justa’ (cadeia) e outros, e ainda cobria os jogos de URT e Mamoré. Participei também dos primeiros anos da NTV, onde eu fazia jornalismo e o programa rural Jornal da Terra, com a Mariângela Nogueira e o cinegrafista Emílio, que hoje está na TV Integração. Fui até 1996, então, quando fiquei sozinho na Conserbras, onde teria que me dedicar e parei com o trabalho na imprensa, mas até hoje sinto saudades”.

Walter participou por mais de 20 anos da Sociedade São Vivente de Paulo em diversas funções do Conselho da entidade. Foi presidente da Associação de Moradores do Bairro Caramuru; é conselheiro do Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação de Minas Gerais e membro da Loja Maçônica Renovação e Sabedoria. Cruzeirense de coração torceu muito tempo para a URT e hoje gosta também do Mamoré. Praticou muito futebol de salão nos campeonatos da Fosfértil. Aprecia uma pescaria, andar a cavalo e o ambiente da roça. “Já gostei de fazer trilhas com moto. Hoje o que mais gosto é curtir meus três filhos do meu primeiro casamento (Kaísa, Karina e Daniel) e o Gabriel, com minha atual companheira, a Simone Ferreira.

“Sempre me preocupei em participar de alguma coisa. Gosto muito de viver em comunidade. Sou muito otimista, vejo possibilidades em cada dificuldade que passo. Tem gente que reclama demais. Sou sempre otimista e sempre penso que atrás de serra tem serra. Vou estar sempre tentando galgá-las. O importante é ter perseverança naquilo que você faz e ter confiança em você mesmo, valorizar a vida e ser útil no que puder. Se eu pudesse voltar aos 30 com a experiência que tenho hoje seria fantástico. Estou com 60 anos bem vividos e falo pro meu pessoal que quero viver, pelo menos, mais 30 e só vou descansar quando cair no caixote de madeira”.

* 1: Leia o texto “Lote Misterioso”.

* Texto e fotos (20/11/2015): Eitel Teixeira Dannemann.

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