ENCHENTE DO RIO PARANAÍBA EM 1992

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ENCHENTE DO PARANAÍBAUm saldo altamente negativo no campo social foi o que deixou a enchente do Rio Paranaíba, ocasionada pelas chuvas intermitentes de janeiro e fevereiro. Ao todo, 208 famílias foram desalojadas de suas casas, totalizando 823 pessoas diretamente afetadas pela cheia em Patos de Minas. A Comissão Municipal de Defesa Civil transferiu 47 dessas famílias para o Parque de Exposições, cedido pelo Sindicato Rural. As outras 161 famílias se abrigaram, por seus próprios recursos, em casas de parentes, vizinhos e amigos.

Foram quase 30 dias contínuos de chuva em todo o Estado de Minas Gerais, o que causou a deterioração da malha rodoviária e a perda de quase toda a safra de feijão das águas. Em Patos de Minas, as chuvas trouxeram danos sobretudo para os moradores da parte baixa da cidade, residentes nos bairros que margeiam ou então próximos do Rio Paranaíba: Jardim Paulistano, Vila Rosa, Santa Luzia e Vila Operária. No campo, a exemplo do que ocorreu em outras regiões, não só Patos, como o Alto Paranaíba e o Noroeste Mineiro, perderam mais de 90% do feijão de 1.ª safra, conforme avaliação do agrônomo Jair Moreira, do Escritório Regional da Emater, que atende mais de 20 municípios.

Numa primeira avaliação, logo após a enchente, o prefeito de Patos, Antônio do Valle Ramos, estimou em Cr$ 2,5 bilhões os prejuízos causados pela cheia do Paranaíba. Todavia, as perdas podem ser ainda maiores, exatamente pelos danos às plantações. No ápice da calamidade, o Rio Paranaíba esteve 12 metros acima de seu nível normal e colocou em risco a ligação rodoviária de Patos com outros centros, que, por muito pouco, não teve de ser interrompida. O sistema de captação de águas da Copasa também esteve ameaçado nos dias críticos da enchente.

A distribuição de energia elétrica para algumas localidades foi parcialmente prejudicada durante os dois piores dias de calamidade. Para abastecer São Gonçalo do Abaeté, a Cemig utilizou uma linha de Presidente Olegário e suspendeu em um metro a linha de transmissão que fornece energia para Lagoa Formosa, evitando que ele ficasse sob as águas. O cabo de transmissão de energia elétrica para Rocinha, Restinga, Bertioga, Boassara, Alagoas e demais localidades vizinhas teve que ser desligado. E, emergencialmente, toda essa região foi abastecida por alguns dias com energia vinda de Pântano, no município de Coromandel.

Nos bairros Jardim Paulistano, Vila Rosa, Santa Luzia e Vila Operária, também houve problemas com o fornecimento de energia elétrica. Entretanto, algumas das famílias que ficaram desalojadas estão passando por uma situação mais grave. Em conseqüência da enchente, 5 casas atingidas pela cheia caíram tão logo foram colhidas pela água. Outras 8 residências desabaram depois que o nível da água voltou ao normal. A Comissão de Defesa Civil tentava, no final de fevereiro, transferir o restante das famílias alojadas no Parque de Exposições para suas casas ou para outras residências.

Na esfera política, o prefeito Antônio do Valle esteve em Belo Horizonte na segunda quinzena de fevereiro, na busca de recursos para fazer frente aos prejuízos. Estes se estendem à zona rural, onde as chuvas destruíram boa parte das estradas e estragaram pontes. Uma preocupação natural do Poder Público Municipal será, sem dúvida, a transferência de moradores que hoje residem em áreas alagáveis, para locais seguros. O Governo federal anunciou a destinação de Cr$ 30 bilhões para recuperar estradas e cobrir prejuízos causados pelas chuvas em Minas Gerais. Essa soma, no entanto, representa pouco mais de um terço dos prejuízos, de acordo com a estimativa da Secretaria de Estado da Fazenda.

Por isso mesmo, Antônio do Valle viajou também a Brasília, logo após o Carnaval, para tentar a obtenção de verbas junto aos órgãos federais.

* Fonte: Texto publicado com o título “Rio Paranaíba. A cheia no ano do Centenário” na edição n.º 2 de maio de 1992 da revista Circuito, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Publicada na edição de 1.º de fevereiro de 1992 do jornal Novo Tempo, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

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