ANTÔNIO JOSÉ DOS SANTOS E FORMIGUINHA: O PATRIARCA DA EMANCIPAÇÃO

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3A história dos primeiros tempos de Patos de Minas, de 1826 a 1840, estava praticamente sepultada. Era quase absoluta a ignorância neste particular. Em cidade vizinha, uma indústria de fogos consumiu milhares de documentos, cujo papel antigo “era muito bom para bucha de foguetes”. Aqui, tanto no setor eclesiástico, quanto nos cartórios, não existe documentação anterior a 1840. Já em Santana de Patos, tanto na Matriz, quanto no Cartório, há elementos preciosos. A então Sant’Anna da Barra do Espírito Santo era o distrito do qual os paranaibanos dependiam, tanto para as questões judiciais, quanto para as coisas da religião. Sua documentação remonta a 1822, quando foi construída a primeira capela.

Ao assumir a paróquia de Patos, o Padre Manoel Fleury Curado afirma que pouca coisa encontrou. Graças à documentação oficial pode-se identificar os primeiros líderes do povo paranaibano: o padre José de Brito Freire e Vasconcelos, Manoel Joaquim de Souza e José Nicolau Alves Diniz. Outros vieram sempre dedicados à terra que os acolheu: os Macieis, os Vaz de Mello, os Queiroz, os Borges, os Sant’Anna, juntando seus esforços aos Caixeta, Pereira, Fonseca, Guimarães, Rocha, Araújo e outros.

Joaquim Pereira de Queiroz, Joaquim José de Sant’Anna, os Dias Maciel – Antônio e Jerônimo – que chegaram em 1858, Olegário Dias Maciel, Pedro Modesto da Silva, João Gualberto de Amorim, Eduardo Ferreira de Noronha, entre outros do século 19, são nomes dignos do maior respeito, pelo amor que dedicaram a Patos de Minas e pelo exemplo que transmitiram aos seus descendentes.

Propositadamente, destacamos um nome para citação por fim: o de Antônio José dos Santos e Formiguinha, o Patriarca da Emancipação de Patos de Minas. Pouco importa que no final da década de 1960, a Edilidade ignorando o que ele fez por esta terra, tenha apagado a única homenagem que lhe foi prestada no passado: a Travessa do Formiguinha¹.

Em 1836, na representação que o povo fez à Câmara de Paracatu, pedindo a anexação do Distrito àquele município², não aparece o nome de Antônio José dos Santos e Formiguinha. Em 1844, numa relação de eleitores, ele assinava, como comerciante, de 53 anos de idade. A primeira citação conhecida de seu nome é da ata demonstrativa dos cidadãos que obtiveram votos na primeira eleição da Vila do Patrocínio em 1842. Formiguinha, candidato, obteve 73 votos, ficando em 14º lugar. Em 1848, teve lugar um fato histórico, talvez o maior de sua vida. E um dos acontecimentos que contribuíram para a emancipação de Patos de Minas³.

Formiguinha, como Joaquim José de Sant’Anna, outro líder, queria um colégio eleitoral em Santo Antônio dos Patos. Mais uma vez, eles buscaram o apoio dos patrocinenses. A Câmara Municipal de Patrocínio não só deu integral apoio ao desejo de seus munícipes, como também remeteu uma representação ao Governo, encarecendo a oportunidade da medida, com as assinaturas dos vereadores Antônio José dos Santos e Formiguinha, Joaquim José de Sant’Anna, José Pereira Guimarães, José Maria da Purificação, Joaquim Antônio de Araújo Rabelo, Manoel Barbosa de Amorim e Pedro Machado Rodrigues da Silveira4.

Não demoraria o pedido da elevação do Distrito de Santo Antônio dos Patos à categoria de Vila.

* 1: A Travessa do Formiguinha consta da demarcação de ruas desde o fim do século 19, quando principiava na Praça da Matriz (Praça Dom Eduardo) e terminava da Rua Tiradentes. Ela recebeu o nome porque lá residia o glorioso Formiguinha. Em 1.º de junho de 1967, através da Lei n.º 908, o Poder Público alterou o nome para Maestro Augusto Borges. Com o crescimento da cidade, a rua passou além da Tiradentes para desembocar na Avenida Padre Almir Neves de Medeiros. Então a Lei n.º 6.118, de 20 de julho de 2009, estendeu o novo nome a toda a extensão do logradouro.
* 2: Leia “Rebelião contra a Vila de Araxá na década de 1830”.
* 3: Leia “Revolta de Formiguinha, A”.
* 4: Leia “Pedido Para Elevação de Santo Antônio dos Patos à Vila” e “Patrocínio Apoia a Emancipação Patense”.

* Fonte: Domínio de Pecuários e Enxadachins, de Geraldo Fonseca.

* Foto: Gtvbocadoinferno.blogspot.com, meramente ilustrativa.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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