QUANDO ALGUNS MORADORES NÃO QUISERAM REDE DE ESGOTO NA AV. PARACATU

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4TEXTO: FOLHA DIOCESANA (1964)

A rêde de esgôto da região do bairro do Rosário ou “Beira da Lagoa”, como é comumente conhecido, está bastante adiantada e vem prosseguindo por várias ruas, inclusive por ruas recentemente abertas. Enquanto isto, a principal rua do bairro, que é a Avenida Paracatu, não recebeu tal benefício.

Encabulou-nos êste aparente descaso da municipalidade para com aquele artéria. Aliás, onde se abre uma rêde de esgotos com grande facilidade, por causa de sua natural inclinação. Procuramos saber das autoridades competentes.

A rêde de esgôto não foi para a Avenida Paracatu porque vários de seus moradores não quiseram. Alegaram que não pagava a pena tê-la numa rua onde há muita falta d’água e talvez outros tantos argumentos sem pé-nem-cabeça. Está claro que a Prefeitura não a abriu, pois cada morador deveria entrar com pequena cota de ajuda. Parece-nos que Cr$ 1.000,00 por metro de valeta aberta. Êste é o motivo pelo qual não foi a rêde esgotos para a Avenida Paracatu.

Agora, desejamos saber nós, onde anda a cabeça destes que não permitiram tão grande benefício. Com certeza algum capricho político, que não passa de simples tolice. Quem sai no prejuízo são êles próprios, uma vez que a valorização de suas propriedades não será aumentada. Outrossim, êste negócio de dizer que é por causa da falta d’água, é desculpa barata. Pois se fôsse assim, era caso de não abrir nenhuma rêde de esgotos em nossa cidade e, mais ainda, mandar tapar o que já se encontra pronta, pois a água falta em quase tôda a cidade. Na Avenida Getúlio Vargas, a mais central e principal avenida de nossa cidade, nunca existe água neste tempo de inclemente sêca. Veja como é pobre o argumento da pessoa que deseja travar o desenvolvimento de um lugar. Se não tiver a Avenida Paracatu uma rêde de esgôto, jamais poderá receber o benefício do calçamento, uma vez que Prefeito nenhum vai mandar calçar uma rua que ainda não é possuidora de tal melhoramento.

Acontece porém que não sómente a Av. Paracatu que fica prejudicada, também as ruas transversais, que necessitam da rêde na Paracatu, por causa de seu escoamento que, obrigatoriamente, se deve dar pela Paracatu.

Seria interessante que a Prefeitura, mais uma vez procurasse entrar em entendimento, pois grande número de pessoas daquele bairro nos vieram fazer reclamação a respeito. Não pode uma maioria ficar em prejuízo por causa de caprichos de uma minoria muito reduzida. Se tudo fôr dêste jeito, jamais o progresso irá para aquele bairro de nossa cidade. E se êle o fôr, irá a passos de tartaruga. E não mais estamos em épocas disto.

* Fonte: Texto publicado com o título “Rêde de esgôto na Avenida Paracatu” na edição de 30 de agosto de 1964 do jornal Folha Diocesana, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Br.freepik.com, meramente ilustrativa.

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