FILOMENA DE MACEDO MELO RECEBE O TITULO DE CIDADÃ PATENSE

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4TEXTO: DÉLIO BORGES DA FONSECA (1968)

A Câmara Municipal de Patos de Minas, com gesto simpático de inusitado cavalheirismo, transferiu sua sessão solene do dia 30 de agôsto p. passado, para o pobre salão nobre da Escola Normal Oficial. O motivo determinante da transferência, foi a entrega do título de cidadã patense, à Diretora daquele estabelecimento de ensino, D. Filomena de Macedo Melo. No entanto, os senhores vereadores, alardeando espírito público, não se limitaram a conceder unanimente o título a quem o conquistou. Foram além: caminharam ao encontro da pessoa homenageada, indo até o seu ambiente de trabalho. A Câmara Municipal, engrandeceu assim a homenageada, saindo mais engrandecida do episódio.

Quando assistimos, em todos os rincões da Pátria amada e idolatrada, a concessão de títulos, condecorações e medalhas, a tantos que nada fizeram por merecê-los, mas que recebem a honraria como “adiantamento” por algum trabalho a ser prestado, fica-se jubiloso quando quem o recebe o merece há muito!

O título, solenemente entregue a D. Filomena pela edilidade patense, veio apenas ratificar uma situação de fato e de direito. Morando em Patos de Minas há longos anos, tem dado tudo de si, em benefício da comunidade em que vive e trabalha. Competente, discreta, sem arroubos e sem ostentação, tem sido de uma energia inquebrantável, diante de todos os problemas que o destino lhe reservou. Tem sido, através dos tempos, um espírito lúcido, sempre aberto ao diálogo e à procura da perfeição, com um indomável e intranhado devotamento à justiça.

Patos de Minas, nestes últimos anos, não tem podido prescindir da colaboração de D. Filomena. Não apenas como orientadora, mestra e amiga de centenas de moças, que a cada ano se formam. Patos de Minas, nos seus dias de luto, como em seus instantes de festa, conta sempre com a colaboração eficiente e indispensável de sua grande educadora. E neste afã de bem servir, de se doar a cada instante que passa, nem sempre recebe aplausos, nem sempre recebe flôres. Não é raro que receba também o seu quinhão de ingratidão principalmente daqueles que nada podendo dar de bom, dão apenas e tão somente aquilo que possuem. São os que se comprazem em falar da vida alheia, esporte aqui praticado com frequência e que tem autênticos expoentes em nossa terra.

D. Filomena possui um elevado espírito de humanidade e de justiça. Dirigindo com probidade a Escola Normal, tem sabido como poucas, educar e formar gerações de moças. Mercê de sua autoridade e compustura, organizou um ambiente de trabalho, onde não existem desavenças e onde todos se empenham, para a consecução de um mesmo objetivo. Por tudo isso e por muito mais, recebeu um título que de há muito lhe pertencia. E como se tudo isso não bastasse, quiz o destino caprichoso, que aquela que não teve vocação para o matrimônio, tivesse de receber sôbre os seus ombros, o encargo voluntário de continuar a educação dos filhos de sua irmã querida, prematuramente chamada ao convívio do Pai.

NOTA: Filomena de Macedo Melo é natural de Perdigão, perto de Luz, de Araújo, que anteriormente se chamava Saúde.

* Fonte: Texto publicado com o título “A conquista de um título” na edição de 05 de setembro de 1968 do jornal Folha Diocesana, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Arquivo da Escola Normal.

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