QUANDO TOMAZ ATÍLIO OLIVIERI SUGERIU BOICOTAR A FESTA DO MILHO

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4Patense! Depois de tudo que se disse da Festa do Milho, depois de tantas críticas, tantas sugestões, deu tudo em nada. Nada se aproveitou. Nenhuma autoridade responsável pela execução da Fenamilho se dignou avaliar nossas sugestões. As Entidades e Clubes de Serviço, foram despresados com todo o cinismo e alegações vexatórias, despistando-se as reais intenções egoístas e interesseiras. Bem que temos em vão pelejado para descobrir as macabras e indecorosas manobras dos promotores da festa!

Patense amigo! Só nos resta agora uma atitude, que ninguém nos poderá censurar: REPUDIAR TUDO. Repudiar este tipo de festa. Não é a nossa festa. Nós queremos é restaurar a verdadeira Festa do Milho e não simplesmente fazer festa Agro-Pecuária, a festa do Parque de Exposições, festa de bezerro, de vaca, de porco, de boi e de rodeio. Queremos, repetimos, a nossa festa popular, tal qual ela era e do MILHO! Vamos todos repudiar esta farsa! Que haja uma única posição digna dos patenses: O BOICOTE.

Sim, boicotar a festa do sindicato, que absorveu e esmagou a nossa saudosa Festa do Milho, a festa do Pai Vaca, a festa do Otacílio Peluzzo, a festa do Dr. José Ribeiro, e outros! O primeiro suicídio da atual festa, foi a extinção da Semana Ruralista, promovida pelo Dr. Eurípedes Pacheco, trazendo a Patos verdadeiros mestres de alto gabarito das escolas de lavras e Viçosa. Tudo se acabou. Tudo desapareceu.

Não queríamos abordar certos assuntos, mas são revoltantes e clamam ao céu. E se nós não falarmos, quem irá falar? Enfim, cumprimos uma sina que nos obriga a um tipo de jornalismo picante, irritante e agressivo. E, afinal, a que nos referimos?

Quando, nos velhos tempos, os encarregados de construir um Parque de Exposições abriram a campanha, foram otimamente bem sucedidos. Um dava 50 cruzeiros, outro dava 100. Não faltavam os de 10 e 20 cruzeiros, bem como os de 500. Houve um elemento que se aproximou do saudoso Negrinho de Freitas (Sr. João Gonçalves da Silveira), dizendo, em tom de brincadeira:

– Olhe cá, Negrinho! Você vai dar é 10 mil cruzeiros para nós construirmos um Parque de Exposição para a festa da cidade!

E o Sr. João Gonçalves da Silveira, num gesto amplo de solidariedade e daquela generosa compreensão que lhe era tão peculiar, que o caracterizava, não se recusou a isto, assinando os dez mil cruzeiros para aquela finalidade.

Todos os circunstantes emudeceram. Ninguém fizera isso até então. Com os aplausos e agradecimentos, registrou-se o áureo donativo, com o qual se comprou o terreno onde atualmente funciona o Parque, sobrando muito dinheiro ainda para o início das obras.

E agora, perguntamos nós, porque o Parque não leva o seu nome? Com toda a sinceridade, dentro do nosso íntimo, apenas reconhecemos um Parque de Exposições em Patos de Minas: Parque de Exposições João Gonçalves da Silveira – homenagem àquele cujo donativo deu para se comprar o terreno e iniciar a construção dos pavilhões e dependências do parque. E achamos isto um dever de justiça e gratidão àquele que doou a maior ajuda para esta obra.

* Fonte: Texto de Tomaz Atílio Olivieri publicado na edição de 05 de maio de 1980 do jornal Boletim Informativo, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Cartaz da Festa do Milho de 1980, do arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

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