PELAS PRAIAS DO ESPÍRITO SANTO

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3TEXTO: DÉLIO BORGES DA FONSECA (1971)

Depois de algumas andanças por aí, juntamente com a D. Déa e minha querida meninada, aqui estamos de nôvo, cumprindo com prazer a tarefa de escriba da “Fôlha Diocesana”.

Como nos anos anteriores, fizemos uma temporada na praia, coisa muito bôa mesmo, mas que eu só descobri depois de velho (não tanto assim…).

Nunca vi tanto patureba que brota por aquelas bandas; os “donos” do Estado do Espírito Santo, ficam sendo os mineiros, que passam a se constituir em maioria absoluta.

Tudo por lá é de mineiro, menos o mar. Mercearia de mineiro, açougue de mineiro, restaurante de mineiro, prédio de apartamentos, tudo, tudo! Não é à tôa que têm uma birra danada da gente; e estão aprendendo até a explorar a mineirada, tão apegada ao seu “pé de meia”.

Quem viajasse um tempão daquêles que a gente viaja, caso tivesse a intenção de se esconder, daria certamente com os burros na água… do mar!

Houve um dia então, que a praia mais parecia o nosso querido Caiçaras (que agora resolveu também aumentar os seus preços). Lá estavam o Paulo Amorim, Sebastião Silvério, Mozart Pacheco, Mariosinho e não sei mais quem, além do papai aqui, todos com suas famílias.

Uma beleza de domínio patense em “águas” estrangeiras.

Daí a uns dias, por um azar desgraçado (dêles), no único dia que o sol não botou a cara de fóra, apareceram por lá o Waldemar mendes e o Kim admirados da falta de gente na praia. O Waldemar me deu um queijo e se mudou de lá,pois não mais o vi.

Quase na véspera do meu retôrno melancólico ao Estado de Minas Gerais, que parece ter-se enrugado por aquelas bandas (nunca vi tanta montanha), dou de cara na praia com o “Pai Vaca”, que tinha chegado de Lavras, junto com D. Êtinha e os filhos; grandalhões como o pai mesmo.

Além de nós, ilustres desconhecidos, lá estava o Cafunga, na base do “Vapt-Vupt”, posando para fotografias, com deus e todo o mundo. Tive de ir lá pedir a êle que ficasse ao lado de uns atleticanos que tenho lá em casa; para a posteridade e para que a gente possa se lembrar de tanta coisa interessante que se viu.

O senhor Tostão, emérito jogador de bola (por sinal meio mascarado), lá estava também, dando autógrafos e jogando futebol na arêia.

Uma festa enfim. Desta vêz, levei como convidada a minha sobrinha Lelinha, que era tão branquinha; mas agora, nem tanto. Ela trouxe água do mar para o Cláudio provar, pois êle tinha lá suas dúvidas, se era salgada ou não.

Daquí a uns dias, quando a documentação fotográfica ficar pronta (slides), iremos nos divertir tôda a vida.

Minhas senhoras e meus senhores: muitas outras coisas aconteceram, mas o papel acabou. Afinal de contas, vocês não me pediram que lhes contasse nada. Desculpem o mau geito; da próxima vez, vou ver se arranjo um assunto que interesse. Tiáu e bença!

* Fonte: Texto publicado sem título na coluna Conversa Fiada da edição de 21 de janeiro de 1971 do jornal Fôlha Diocesana, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Praia do Morro em Guarapari-ES na década de 1970, de Turismoguarapari.wordpress.com.

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