MODESTO DE MELLO RIBEIRO

Postado por e arquivado em PESSOAS.

Modesto de Mello Ribeiro nasceu em Patrocínio, na chácara do Padre Modesto Marques Ferreira, em 08 de agosto de 1871.

Seu pai, Antônio Soares Ribeiro, homem de bons ensinamentos, foi secretário da Câmara Municipal da Vila de Patos, de 1894 a 1906. A mãe, Maria Guilhermina da Porciúncula, tinha coração nobre e muito apego à religião católica.

Quando menino, para poder custear seus estudos, assaz difíceis àquela época, fazia pequenos serviços avulsos, como apanha de café nas chácaras e quintais de sua cidade.

Com muito esforço foi diplomado pela Escola Normal de Uberaba. Recebeu seu diploma assinado pelo Presidente do Estado de Minas Gerais, Bias Fortes, e pelo Secretário Francisco de Assis Barcelos Corrêa, em 05 de dezembro de 1890. No dia seguinte foi registrado na Secretaria de Instrução Pública de Minas Gerais.

Regressando à Patrocínio, por lá ficou pouco tempo, pois em 04 de agosto de 1891 foi nomeado pelo Governo do Estado professor da Escola Pública de Patos, para onde seguiu acompanhado dos pais e irmãos.

No livro de “Termos de Juramentos e Posses”, da antiga Câmara, vemos que o professor Modesto foi o único mestre lançado no mesmo, assim:

“Juramento e posse de um professor –

Aos vinte e nove dias do mês de setembro de 1891, nesta Vila de Santo Antônio dos Patos, em casa de residência do Major Jerônimo Dias Maciel, Presidente da Intendência desta Vila, aí compareceu o Cidadão Modesto de Mello Ribeiro e apresentando o seu título de Professor definitivo da cadeira de instrução primária deste lugar, datada de 04 de agosto do corrente ano, pedia que se lhe desse do referido emprego. Pelo dito Senhor Presidente lhe fora deferido o juramento dos Santos Evangelhos em um livro deles, em que declarou cumprir os deveres inerentes a seu cargo. Do que, para constar, lavrou-se este termo que vai assinado por todos. Eu, Francisco de Souza Maciel, Secretário, que o escrevi – Modesto de Mello Ribeiro”.

Em 30 de abril de 1898, recebeu das mãos do primeiro presidente civil do Brasil, Prudente de Morais, a patente de Capitão da 4.ª Companhia do Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional da Comarca de Patos,

Em 1906, foi um dos idealizadores do “Atheneu de Patos”, criado para funcionar por pouco tempo.

Já casado com Dona Honorina Caixeta de Mello Ribeiro, filha do capitão João Gualberto de Amorim e Olympia Caixeta de Mello, repartia seu tempo entre o ensino e a música, sendo o maestro da Banda de Música Santa Cecília.

O professor Modesto de Mello Ribeiro era muito respeitado em Patos. Em 23 de agosto de 1910, o inspetor Alceu de Souza Novais enviou um relatório¹ ao governo enaltecendo as qualidades do mestre. Este e outros relatórios justificam, em grande parte, a decisão do governo, em 1913, de transferir o professor Modesto para Patrocínio, a pedido do Agente Executivo Cel. Honorato Martins Borges, para comandar a recém instalada escola da cidade, o Grupo Escolar Honorato Borges. Transferência que feriu os brios patenses, ao verem removido o regente de sua escola pelo espaço de 22 anos. Sentiram então, que somente a construção do Grupo Escolar de Patos poderia trazer de volta o estimado mestre. E começaram a trabalhar nesse sentido².

Modesto e família permaneceu por dois anos em Patrocínio. O Agente Executivo patense da época, Marcolino de Barros, conseguiu trazê-lo de volta a Patos em 08 de fevereiro de 1916, designado para a direção do Grupo Escolar³ em vias de ser inaugurado (04/06/1917), onde permaneceu 10 anos seguidos.

Após 36 anos de serviços, 33 dos quais dedicados ao ensino em Patos, o professor Modesto aposenta-se a 12 de abril de 1927.

Patos de Minas era uma cidade de clima acentuadamente úmido em virtude da grande lagoa existente na cidade, que inclusive gerou o nome por causa da grande quantidade de palmípedes selvagens nela existentes. Esta lagoa ia desde os fundos do HNSF até as imediações da cadeia, sendo o Bairro Rosário (antigo Bairro da Lagoa) ligado à cidade pela ponte da Cadeia, senão os habitantes teriam que dar a volta pela Rua Major Jerônimo para atingir o centro.

A umidade proporcionada pela lagoa provocava na época do frio uma intensa cerração que cobria quase toda a cidade. O professor Modesto, de compleição franzina e portador de bronquite asmática, sofria muito com isso. Mesmo assim, continuava a cumprir com o seu dever. Inúmeras vezes passou a noite em claro, à beira do fogão de lenha, sentado num banquinho, cheirando pó indiano na tentativa de amenizar os sintomas provocados pelo problema pulmonar.

Rotineiramente, às sete horas da manhã, muitas vezes depois de uma noite em claro, saia de sua residência no Largo da Matriz (hoje Praça Dom Eduardo), envolto no seu cavu preto, em direção à escola. Apesar dos rogos de sua esposa Honorina, nada o demovia de seu dever, prosseguindo sua caminhada até desaparecer na densa neblina em direção ao trabalho.

Lecionou para três gerações de avós e netos, dentre esses, vários médicos, magistrados, advogados, bons profissionais a serviço da comunidade patense, patrocinense, brasileira e até estrangeira.

Em 1927, recebeu um telegrama do Secretário da Educação do Estado, convidando-o a requerer sua aposentadoria sob pena de ser posto em disponibilidade. Sofreu muito com esta notícia, queixando-se à companheira fiel: “Acham que eu não estou prestando mais”. Várias vezes foi surpreendido pelos filhos chorando a uma das janelas de sua casa.

No dia 21 de setembro de 1929, aos 58 anos de idade, o Professor faleceu. Em sua ficha de trabalho não consta licença alguma. Nem para tratamento de saúde, nem para cuidar de interesses particulares.

O casamento com Honorina gerou 12 filhos: Cícero, Cecília, Lázaro, Mário e Maria (gêmeos), Silvia, José Olavo, Modesto, Wagner, Waldemar, Eurico e Rubens.

Modesto de Mello Ribeiro, Mestre dos Mestres. Sua capacidade e zelo profissional o colocam, segundo as opiniões emitidas em diversos relatórios do ensino de seu tempo, entre os melhores mestres de Minas Gerais.

* 1: Leia “Inspeção de Ensino: Professor Modesto é Aplaudido em 1910.

* 2 e 3: Leia “Grupo Escolar de Patos”.

* Fontes: Domínio de Pecuários e Enxadachins, de Geraldo Fonseca; Texto de Modesto de Mello Ribeiro Júnior, fornecido pela Escola Estadual Professor Modesto.

* Foto: Domínio de Pecuários e Enxadachins, de Geraldo Fonseca.

Compartilhe

You must be logged in to post a comment. Log in