GASPAR CUNHA DA SILVA NOS EUA EM 1976

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0No grupo, um menino despertava a atenção dos demais alunos e professores, pois entre uma aula de português e matemática absorvia seu tempo desenhando figuras e paisagens. E foi assim que, aos nove anos de idade, ganhou um prêmio com um desenho do Papa João XXIII, num concurso instituído pela Escola Maria Madalena, na cidade de Patos de Minas.

Mas, para Gaspar Cunha da Silva, o hoje conhecido pintor Gaspar, tudo não passava de um bom passatempo naquela época. Um dia veio a oportunidade de ver seus desenhos impressos ao ilustrar para a Polícia Militar – onde era soldado do Btran – o folheto Higiene e Primeiros Socorros. Este foi o seu mais importante trabalho, pois a partir daí começou a levar a sério o desenho, e posteriormente a pintura.

Na pintura começou a elaborar trabalhos que mostravam cenas religiosas, florestas e matas em estilo bem pessoal. E na Feira de Arte e Artesanato da Praça da Liberdade seus trabalhos foram caindo no agrado dos frequentadores. Veio a primeira exposição no Círculo Militar e mais três no Hotel Diplomata. Sempre trabalhando e procurando aprimorar ainda mais sua pintura, ele procura lugares como o Parque Municipal e os arredores de BH, onde ainda existe aquilo que ele mais gosta de pintar: matas e florestas. Além da pintura, está elaborando trabalhos de xilogravuras para uma exposição, juntamente com seu irmão, o pintor Belchior, na Oca Decorações, havendo ainda a possibilidade destes artistas exporem no Canadá numa promoção da Oca.

O mais importante na vida de Gaspar aconteceu no ano passado, quando a convite do sr. Ronald Duchford, fez uma exposição na Independent Galery em Nova York. Ficando nos Estados Unidos durante um ano, ele teve ainda oportunidade de expor na Feira de Arte de Greenwich Village, organizada pelos próprios pintores e que ocupa quatro quarteirões daquele bairro em Nova York. Nesta feira, o que ele mais gostou além das pinturas, foi a revista que é editada pelos pintores contando o currículo artístico, críticas dos quadros dos pintores e a história da arte e as visitas importantes que vão à Feira.

Nos EUA seus quadros que mostravam paisagens brasileiras foram adquiridos principalmente por brasileiros residentes naquele país. Outra cidade onde expôs foi Elizabeth, onde a maioria de seus moradores são portugueses.

Sua estada nos Estados Unidos não constou só de exposições pois, além de fazer um curso de artes gráficas no Pratt Institut, visitou o famoso centro de artes da Madison Avenue, onde existem cerca de 180 galerias, representando os mais diversos tipos de manifestações artísticas. E o que mais impressionou foram as pinturas primitivas dos africanos. Segundo Gaspar, o de que os americanos gostam muito, em termos de artes brasileiras, são as paisagens e os nossos artistas primitivos, e na Biblioteca Brasileira em Nova York o que mais lhe chamou a atenção foi o grande número de livros sobre artes.

Agora Gaspar está de volta, e seus trabalhos expostos na Feira de Artes e Artesanato da Praça da Liberdade, ao lado do irmão Belchior.

* Fonte: Texto de Antônio Lisboa Meira publicado com o título “Um Pintor Mineiro em Nova York” na edição de 10 de agosto de 1976 do jornal Estado de Minas e republicado na edição de 23 de setembro de 1976 do jornal Folha Diocesana, este do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Gaspar Cunha, presente em sua página do Facebook.

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