2.º ACIDENTE AÉREO

Postado por e arquivado em DÉCADA DE 1960, FOTOS.

Quinze anos. Este o tempo transcorrido após a tragédia do primeiro acidente aéreo ocorrido com um monomotor que caiu à frente do Grupo Escolar Marcolino de Barros¹. Praticamente toda a cidade ainda preservava na mente a cena tétrica de três corpos carbonizados na Avenida Getúlio Vargas quando uma nova tragédia aérea abalou Patos de Minas.

Em abril de 1963, o patense José Carlos Caixeta da Cunha (26 anos), 1.º Tenente da FAB, estava na cidade em visita a familiares. No dia 13, após um almoço de despedidas, seu objetivo era voar até a cidade de Patrocínio para se encontrar com a noiva e depois partir para a base no Rio de Janeiro. Por circunstâncias que só o destino consegue explicar, acabou sendo convencido por um amigo, José Burgos de Souza, a sobrevoar Patos de Minas antes do adeus final, adeus este que se transformaria realmente em final.

José Burgos de Souza era um cidadão muito conhecido na cidade. De origem pernambucana, chegou aqui em abril de 1940. Alguns parentes dizem que foi no dia 13. Trabalhou no DER, foi taxista aqui e em Araxá. E foi em Araxá que aprendeu a pilotar aviões. E aqui em Patos de Minas se destacou nesta área, sendo instrutor de muita gente, como Geraldo Manoel Teixeira, José Porto e José Ribeiro Guimarães. Era, pois, um piloto experiente, tanto quanto o Tenente Caixeta.

Na aviação, usa-se o verbo intransitivo estolar para a situação em que o avião perde a sustentação de voo e começa a cair. Foi essa a impressão que muitas testemunhas tiveram quando, por volta das quatro horas da tarde, apreciavam o voo do monomotor da FAB por sobre a cidade. Foi de repente, muito rápido, e numa queda livre vertiginosa, a aeronave se espatifou ao chão, à margem da hoje Avenida Juscelino Kubitschek, no local onde funcionou a Pizzaria e Churrascaria Aeroporto, do saudoso Rômulo. Alguns metros adiante, uma casinha simples de roça com seus ocupantes ilesos admiravam absortos o que poderia ter-lhes custado a morte.

O patense Célio Borges de Amorim comenta sobre o acidente: Estávamos no Aeroporto apreciando e admirando aquele aparelho da FAB e, não me esqueço, que após o voo com o Zé Burgos, o próximo sorteado para um voo com o Tenente Caixeta seria o Carneiro (gerente da loja A Revolução). Ficamos todos assustados e consternados com o desastre e as perdas irreparáveis.

Assim, chegou ao fim as vidas do Tenente Caixeta e de seu amigo José Burgos de Souza, numa tremenda ironia do destino, inexplicável destino: José Burgos chegou a Patos de Minas num dia 13 de abril, e num 13 de abril, vinte e três anos depois, partiu definitivamente para outra dimensão, aos 33 anos de idade.

Coincidência ou não, destino inexplicável ou não, Joaquim Caixeta Burgos (Quincas), parente de José, nos conta: Dias antes do acidente, o José me contou que havia sonhado com sua mãe e que ela dizia que ele ia morrer num acidente de avião e que era para ele parar de mexer com isso. Coincidência ou destino inexplicável?

Quincas também comentou sobre o boato de que José estava pilotando o avião: O Tenente Caixeta estava na frente e o José atrás, que também tem manche (a “direção” do avião). Se ele realmente estava pilotando, tudo bem, era por demais experiente e sabia conduzir um avião. Com os dois mortos na cabine, como se saber que era ele mesmo que estava pilotando?

2.º ACIDENTE AÉREO* 1: Leia “1.º Acidente Aéreo” e “1.º Acidente Aéreo – Os Corpos”.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Fonte: Joaquim Caixeta Burgos.

* Foto: Arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho.

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