GÊNESE DO PRESBITERIANISMO

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O protestantismo chegou a Patos em 1859, através dos trabalhos do missionário americano Ashbel Green Simonton. Trinta anos depois, em 1889, aqui aportaram três casais presbiterianos: os ingleses John Thomas Smith e Eliza Jane Smith;  Jorge Cramer e Maria Cramer, que vieram do Rio de Janeiro; Saint-Clair Justiniano Ribeiro e Francisca Beatriz Ribeiro, oriundos da cidade fluminense de Cantagalo.

Bem depressa Mrs. Smith ganhou a estima dos patenses, que não tiveram dúvidas em confiar-lhe a regência da Escola Municipal do Sexo Feminino. Aproximados pela mesma fé, estes evangélicos passam e se reunir todos os domingos a fim de celebrar o culto. Encontraram o apoio de João Camilo da Cruz, homem reto e estimado, um dos baluartes da Igreja Presbiteriana no Alto Paranaíba. Outra conquista importante foi João de Barros e Silva, depois Antônio Dias Maciel e, contemporaneamente, João Pacheco Filho, Américo Coelho, Oscar Gomes, Francisco Tolentino, João Evangelista Gonçalves, Francisco Amâncio e Maria Amâncio, entre outros.

Em 1899 o casal Smith, bem como a família Justiniano Ribeiro se transferem para as cidades de Araguari e Lagoa Formosa, respectivamente. Com a saída desses, João Camilo da Cruz assume a liderança. Já nessa época desperta do evangelismo em Patos de Minas a atenção dos pastores presbiterianos espalhados pelas redondezas que se mostram vivamente interessados na consolidação da obra. As primeiras visitas pastorais são feitas pelo Rev. Charles Morton, norte-americano, e pelo então seminarista Otoniel Mota, filósofo ilustre de nossa língua. Além do Rev. Morton, outras visitas se sucederam até 1902, pelos Revs. Robert See e Robert Daffim, e, pela primeira vez, de um pastor brasileiro, Rev. Caetano Nogueira Júnior.

Em 1900 é admitido como membro comungante da igreja, mediante a sua pública Profissão de Fé, o casal João de Barros e Rita Maria da Paixão.

De 1903 em diante, as visitas pastorais dos reverendos se renovam: Sebastião Machado, Antônio Nunes de Carvalho, Alva Hardie, Edward Lane, James Woodson e John Knox Johnston.

Com o falecimento de João Camilo da Cruz em 1905, passa a liderança da obra às mãos de João de Barros, que contribui decisivamente para a consolidação do trabalho.

Se o ano de 1900 marca um capítulo novo do Presbiterianismo em Patos de Minas, com a conversão de João de Barros, o ano de 1915 se coloca entre os demais como um de maior importância, com a conversão de Antônio Dias Maciel, o Barão de Araguari, ao Presbiterianismo. Através de seu talento e dinamismo, são organizados os vários departamentos domésticos da igreja: União dos Homens Presbiterianos (UPH); Sociedade Auxiliadora Feminina (SAF); União da Mocidade Presbiteriana (UMP); bem como a instalação da Escola Dominical.

Somente a perseverança, a fé inabalável, e, acima de tudo, o saber perdoar, em nome do Pai, as ofensas recebidas, puderam consolidar a Igreja Presbiteriana em Patos de Minas.

Campanhas eram feitas, no primeiro decênio do século passado visando bloquear a expansão do protestantismo em Patos. “O Trabalho”, em edição de 1907, traz uma carta de elemento que deixara o protestantismo, sob o título “O Bom Filho à Casa Torna”, com uma introdução, da qual ressaltamos o seguinte: “Abjurou o protestantismo, voltando ao seio da Igreja Católica Romana, o sr […], residente no distrito desta cidade, que por alguns anos andou transviado da verdadeira fé”. Mais adiante, transcreve a carta dirigida ao padre Getúlio Alves de Mello (Cônego Getúlio), cujo tópico principal é o seguinte: “Tomei a resolução, sob juramento de minha alma, a abjurar a religião protestante, prometendo seguir de hoje em diante a religião católica, apostólica de Roma; podendo autorizar-se desta em favor da nossa Santa Religião”¹.

Hoje, quando o ecumenismo arejou um pouco mais o fervor religioso, vemos a louvável aproximação das crenças.

* 1: Leia: “Jornal ‘O Trabalho’ Repudia o Protestantismo – 1907”.

* Fontes: Domínio de Pecuários e Enxadachins, de Geraldo Fonseca; Patos de Minas: Capital do Milho, de Oliveira Mello.

* Foto: Símbolo oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil.

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