SOBRE A COMPRA DE UM RELÓGIO PARA A TORRE DA ANTIGA MATRIZ – 2

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antiga-matrizMesmo com a doação de Silva Guerra de um terreno para a construção de um templo na povoação Os Patos acontecendo em 1826, o tempo passou e o lugar continuava sem capela benta ou imagem colocada da invocação. De acordo com a Diocese de Patos de Minas, o padre José de Brito atendeu o lugar do ano de 1831 a 1839, quando foi, finalmente, construída a primeira capela, dedicada a Santo Antônio como bem queriam os doadores da terra. Desde então a primeira Matriz sofreu uma série de transformações, da base à torre¹. Mesmo não havendo registros históricos sofre o assunto, é certo que até o ano de 1912 a primeira Matriz não possuía relógio na torre. Então, o jornal O Commercio resolveu trabalhar em prol de se conseguir o relógio através de doações financeiras². E a “coisa” foi longa, pois em 12 de outubro de 1913 o mesmo jornal “O Commercio” tratou do assunto:

SUBSCRIPÇÃO

Para a compra de um relogio para a torre da Egreja Matriz d’esta Cidade:

Quantia já publicada – 851$000. Antonio Honorio da Silva – 2$000; Telesphoro de Mello Ribeiro – 2$000; Impcia. angariada pelos Srs. Gotte, Maciel & C. – 22$400; Idem, idem pelo Sr. Amador Gonçalves de Amorim – 6$500; Idem, idem, ha tempos, pelo Te. Augusto Borges e entregue pelo Cap. João Gualberto de Amorim – 200$000; Auxilio dado pela Egreja e entregue pelo Cap. João Gualberto de Amorim – 500$000. Soma – 1:583$900.

Cumprimos o grato dever de scientificar aos generosos assignantes da subscripção e a nossos amigos que, por intermedio de nosso prezado amigo Alino Corrêa Borges foi, a 8 de agosto p. passado, adquirido no Rio de Janeiro o relogio, conforme a factura em nosso poder e do theor seguinte: – O Sr. Alfredo Borges, Patos, comprou a Eduardo, Clerc & C.ª Rio de Janeiro, 8 de Agosto de 1913.

1 Relogio para torre d’Egreja, corda para 8 dias, batendo as horas e meias horas sobre um sino de 50 até 100 kilos, mostrador de 1m. 25 c/m. de diametro, com todos os pertences para a collocação – Preço excepcional pagavel no Rio, sem o sino – 1:500$800. 3 caixões ns. 1, 2 e 3, marca AB-Urubú (Minas); E. F. Goyaz – conhecimento para o Sr. Alfredo Santos (frete a pagar); Urubú; e carretos, agencia, etc. 28$000. Rs. – 1.528$000.

Recebemos do Sr. Leopoldo Antunes Corrêa por conta de Alino Corrêa Borges e conta de Alfredo Borges, a importancia da factura supra.

Rio de Janeiro, 9 de Agosto de 1913

Eduardo, Clerc & Cª.

– Presentemente existe em nosso poder um saldo de 55$900, sugeito às despezas de installação. Não fosse a dificuldade com que temos luctado para arranjarmos um carreiro para transportal-o até aqui, ha dias já podia o nosso regulador estar, senão collocado na torre, ao menos na cidade. Logo que elle chegar, daremos noticia aos leitores.

E em 30 de novembro do mesmo ano de 1913, O Commercio publicou essa curta nota:

Já está na cidade o ultimo volume contendo o resto do machinismo do relogio para a torre de nossa Matriz.

NOTA: O relógio foi transportado para a Catedral de Santo Antônio, depois de concluída, permanecendo até hoje no alto de sua majestosa torre.

* 1: Leia “Histórico da Primeira Matriz”.

* 2: Leia “Sobre a Compra de um Relógio Para a Torre da Antiga Matriz – 1”.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Fonte de “O Commercio”: Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, publicada em 19 de agosto de 2013 com o título “Antiga Igreja Matriz em 1916”. Lá está o relógio!

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