BERNE & BICHEIRA

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O berne é um parasito de animais domésticos e silvestres e em alguns casos o próprio homem. É uma mosca de áreas rurais e urbanas (Dermatobia hominis) originária dos trópicos úmidos da América Latina. A fêmea desova em outras moscas ou mosquitos (inseto veiculador) que carregam seus ovos até o hospedeiro, como por exemplo a mosca doméstica que pode carregar mais de 30 ovos aderidos ao seu corpo. Quando o inseto veiculador pousa sobre os pelos do animal, as larvas imediatamente se projetam para fora do ovo, caminham por entre os pelos até atingirem a pele. Ali criam uma pequena perfuração por onde penetram. É nesse local que a larva irá se desenvolver.

Em cerca de uma semana, a larva já aumentou oito vezes de tamanho, podendo permanecer por 40 dias ou mais na pele do hospedeiro, crescendo continuamente. O orifício por onde a larva penetrou continua aberto durante todo o tempo, pois é através dele que a larva respira. Por esse detalhe torna-se fácil reconhecer uma lesão causada por berne: um nódulo subcutâneo com um orifício bem visível na superfície da pele. As larvas possuem o corpo recoberto por pequenos espinhos. Sua movimentação dentro do orifício causa dor e incômodo. Alguns animais apresentam diversos bernes espalhados por todo o corpo, não sendo poupadas as orelhas, a cauda, a região entre os dedos, prepúcio, etc. As larvas devem ser extraídas para livrar o animal da dor, caso contrário, o cão tentará mordiscar a pele a todo momento tentando retirá-las.

Caso o berne venha a morrer antes de completar seu ciclo, o orifício de respiração se fecha. O nódulo sob a pele pode ou não ser absorvido pelo organismo. A morte da larva também costuma ocorrer quando pessoas sem experiência tentam espremer o berne para forçá-lo a sair. Existe a maneira correta de fazer isso e é melhor pedir auxílio ao veterinário. Dependendo da região onde o berne está, o cão precisará receber uma pequena dose de sedativo para suportar o procedimento de retirada da larva.

Na bicheira, as moscas causadoras são conhecidas como varejeiras. São frequentemente encontradas nos lixões, abatedouros, pocilgas e nas feiras livres, onde existe carne exposta. Ao pousarem sobre uma ferida, os insetos depositam dezenas de ovos que irão eclodir, transformando-se em inúmeras larvas que se alimentarão de tecido vivo (miíase cutânea). As larvas cavam verdadeiras galerias sob a pele, causando lesões e um incômodo muito grande ao animal. As lesões podem ser tão profundas que conseguem atravessar a musculatura do animal, indo atingir órgãos vizinhos (miíase cavitária).

As larvas podem se proliferar também em tecidos não lesados. Quando a pele apresenta dermatites exsudativas (produzem líquido) que mantenham o local sempre úmido, ou naqueles animais sem condições de higiene, cujos pelos estejam sempre molhados por urina, a bicheira pode aparecer. O local acometido deve ser lavado com soluções antissépticas, e o veterinário deve examinar o local à procura de larvas em tecidos mais profundos. Produtos repelentes devem ser aplicados em todos os ferimentos abertos, em regiões onde é frequente a ocorrência de moscas varejeiras (moscas verdes).

Para evitar os bernes e bicheiras, é preciso manter as moscas afastadas. Remova as fezes do cão várias vezes ao dia, lave diariamente o local onde ele urina e mantenha o lixo da casa sempre bem fechado. Algumas gotas de essência de citronela espalhadas pela pelagem do cão podem evitar que insetos pousem. É imprescindível o uso de repelentes em feridas abertas.

É preciso salientar que, embora os bernes e as bicheiras ocorram com mais frequência no verão, podem aparecer em qualquer outra época do ano. Basta que haja condições favoráveis (ocorrência de dias quentes no inverno, por exemplo). Daí os cuidados no combate às moscas devam ser contínuos.

NOTA: Todos os animais são sujeitos a bernes e bicheiras.

* Fonte: Dr. Fernando Dias Pacheco Vieira (Cmvreinoanimal.com.br).

* Foto 1: Tudosobrecachorros.com.br.

* Foto 2:  Amigodepatas.vet.br.

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