LAGOA URBANIZADA, A

Postado por e arquivado em ARTIGOS.

TEXTO: OSWALDO AMORIM (1988)

Com a urbanização da Lagoa Grande, Patos ganhou em beleza e lazer, fatores que enriquecem qualquer cidade. Ela deu novo visual a uma área degradada e já deflagrou ali, junto com a nova rodoviária, esplêndido processo de transformação urbana, no qual edificações cada vez melhores substituem casebres ou ocupam espaços vazios.

A grande afluência de pessoas ao local mostra que a lagoa urbanizada, que representa a preservação de um bem natural ameaçado de extinção, deu ao povo um local de passeio, que só tende a melhorar, à medida que receber novos equipamentos de lazer, e na medida em que surgir à sua volta toda uma série de bares, restaurantes e lanchonetes. Ela deu também à população um magnífico local para caminhadas e corridas, como já se pode ver, principalmente ao alvorecer.

Em dias de corridas de bicicletas e de pedestres, sua pista interna pode funcionar, alternadamente, como velódromo e pista de atletismo, em substituição às pistas da Avenida Getúlio Vargas, cujo bloqueio, para esse fim, transtorna o tráfego na área central da cidade. Além de aliviar o centro, a transferência valorizará a nova Lagoa Grande como área de esportes e lazer.

Por tudo isso, posso afirmar que a urbanização da Lagoa Grande, em boa hora realizada pelo Prefeito Arlindo Porto, fez de uma área-problema, por causa das enchentes cíclicas, do lixo e dos esgotos sanitários ali atirados, uma área em evolução, na qual a tendência é surgir edificações cada vez melhores.

Em boa hora, porque uma lagoa de cidade só tem duas opções: urbanização ou morte. Ou recebe tratamento adequado, em termos de engenharia e paisagismo, ou entra em processo de degradação, que pode transformá-la em acumuladora de sujeira e foco de doenças. Neste caso, o aterro, esta forma de enterro lacustre, seria o seu triste fim.

Para mim, que há longo tempo defendo a urbanização da Lagoa Grande, com o múltiplo objetivo de preservar um bem natural, de dar um toque de beleza à cidade e um esplêndido recanto de lazer para o povo, a obra tem um significado especial. É a concretização de um sonho – entendido aqui não como uma fantasia, mas um projeto longamente acalentado. Projeto que sempre vi como algo exequível e necessário, em choque com a maioria, porque o encarava com indisfarçado ceticismo ou mesmo desdém, classificando-o, nos primeiros anos, como qualquer coisa próxima de um delírio.

Por essas e outras – muitas outras, aliás – fui e, ainda sou chamado de sonhador. Agora os fatos estão mostrando que minhas idéias são perfeitamente exequíveis. Inclusive, por certo, a Universidade, a mais abrangente e ambiciosa de minhas propostas.

Como estou falando de lagoa, quero registrar que defendo também a urbanização da Lagoinha¹, uma obra de menor dimensão, mas que igualmente transformará uma área degradada num recanto bonito e aprazível. Mas não estou cobrando isso da atual administração, que caminha para o fim e já fez muito urbanizando a Lagoa Grande. Se ela ainda puder fazê-la, ótimo. Do contrário, que a obra seja umas das prioridades do próximo Governo Municipal.

Mas defendo, também, a breve urbanização, ainda que por etapas, da Lagoa do Trevo², e a preservação, com vistas à sua oportuna urbanização, da Lagoa da Vargem Fria³, ali pertinho, que poderia ser promovida com a participação de empresários do ramo imobiliário, dentro de um grande projeto residencial.

Preocupa-me especialmente, a preservação dessas áreas, em função de seu aproveitamento futuro. Neste sentido, é fundamental que elas passem para o domínio público, ou, pelo menos, que sejam legalmente “tombadas” pelos órgãos competentes. No caso da Lagoa do Trevo, impõem-se que a providência inclua também o bosque, que forma magnífico conjunto com a lagoa.

A urbanização pode esperar. A preservação, não. Afinal, a primeira só será possível com a segunda. Ou seja, só haverá urbanização se houver lagoa. Para o bem de Patos, não podemos deixar que se percam esses esplêndidos bens que a natureza nos legou. Já nos basta a dor de não termos sabido preservar a magnífica mata do Juca Santana, que hoje seria um fantástico Parque Municipal, formado de floresta natural, com sua rica vegetação, encravado dentro da cidade, como um encantador oásis.

* 1: No início da década de 1990 ela foi urbanizada. Através da Lei n.º 3.246, de 27 de agosto de 1993, o local foi batizado. Leia “Parque João Luiz Redondo”.

* 2: Conhecida como “Lagoa do Patão”, está em seus últimos estertores. Leia “Bosque e Lagoa do Patão”.

* 3: Já está totalmente seca, sendo hoje unicamente uma pequena depressão que acumula águas da chuva. Leia “Vargem Fria: Foi-se Outra Lagoa”.

* Fonte: Texto publicado na edição n.º 188 da revista A Debulha, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Do texto “Apresentado o Projeto do Parque Dr. Itagiba”, publicado em 08/12/2016.

Compartilhe