FOI DE PROPÓSITO: INTRIGA ENTRE FAMÍLIAS NUM CASAMENTO

Postado por e arquivado em CANTINHO LITERÁRIO DO EITEL.

Nos idos tempos da CICA, casamento na Igreja dos Capuchinhos, daqueles que no outro dia está presente em todas as colunas sociais, escritas e faladas, e que fica na boca do povo por anos a fio, principalmente porque os noivos são de famílias das mais influentes na cidade. O interior do templo estava enfeitado com 480 dúzias de rosas e mais outras do mesmo garbo. No corredor, um tapete vermelho de seda pura, importado do Paraguai. Mas era tão convincente que não ficou dúvida sobre a procedência do Irã. Ao lado do altar, uma grande orquestra lírica. Os convidados, nata da sociedade patense, os antigamente chamados escol, cochichavam entre si que o casamento do filho ou da filha seria muito melhor e outros badulaques no quesito despeito. Porque é assim mesmo: família tradicional e rica não aceita que a outra família tradicional e rica a suplante em absolutamente nada.

Estando tudo pronto para começar o grande evento, um casal de namorados conhecido por muitos presentes, ela num longo vestido branco e ele num terno caprichosamente confeccionado por perito alfaiate da Rua Major Gote, chega ao exato momento em que os noivos estavam se preparando para iniciar a caminhada por sobre o tal tapete vermelho. O casal de namorados se adiantou, fazendo o percurso dos noivos, com toda a performance exigida no ato: lentamente, em passos de marcha, com os tradicionais sorrisos de como vai ser a nossa vida de agora em diante. Surpresos, imediatamente todos se levantaram, deu-se a música tradicional e, já perto do altar, os dois conseguiram um lugar para sentar. E sentaram. Do padre aos noivos, passando pelos convidados e penetras, todos ficaram pasmos até que alguém comunicou que não eram os noivos.

Reinou na Casa de Deus um tremelique por algum tempo, com as pessoas se olhando, tentando entender o que estava acontecendo. Dizem até hoje, não há confirmação oficial, que a noiva desmaiou e o noivo avançou para cima do casal de namorados e o negócio só não foi sério porque almas caridosas impediram. Como o importante é que a nossa emoção sobreviva, de acordo com o Eduardo Gudin, tudo foi serenado e o casamento consolidado, para alegria geral dos envolvidos. É, rivalidade entre os membros do escol é repleta de nuances esquisitas!

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 10/04/2017 com o título “Jardineira de Pedro Gomes Carneiro”.

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