ARMINDA ALVES GOMES FALA COMO RAINHA DO MILHO EM 1967

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Com esta entrevista, nosso jornal procura mostrar aos leitores o que “nossa rainha” sentiu das festividades, êste ano, o que sentiu ela ao saber-se Rainha do Milho 1967. Temos então, a grata tarefa de servirmos de mediadores entre o público e esta simpática, culta e boníssima senhorita, que é a Arminda Alves Gomes.

Arminda, que sentiu você, quando soube de sua eleição?

A vocês amigos dirigentes dêste conceituado jornal e aos meus prezados leitores, os meus sinceros cumprimentos. Devo com convicção, afirmar-lhes que não há palavras por mais belas e profundas que sejam, que possam exprimir, qual a minha sensação. Foi algo estranho, difícil mesmo de ser traduzido. A alegria e felicidade, a emoção dominaram-me tanto que eu não sabia se chorava ou se ria. A disputa foi árdua e por isso mesmo a surprêsa tornou-se maior. Resta-me afirmar que foi a maior alegria de minha vida.

Que você achou da Festa Nacional do Milho modêlo 67?

O modêlo dêste ano fêz com que a festa do milho alcançasse de fato o povo. Não houve nenhum fracasso, apesar de suas inovações; pelo contrário, foi coroada de pleno êxito. O povo aplaudiu com carinho, recebeu-a com interêsse e viveu-a com entusiasmo e alegria. Foi uma festa, que servirá mesmo de modêlo para as posteriores.

Dê-nos sua impressão sôbre o festival da cerveja.

Êste festival foi uma apresentação nova, onde muita gente estava apreensiva quanto aos resultados. Felizmente nada veio provocar a harmonia da festa. O “ouro branco” foi um estimulante, mais um motivo de alegria do povo, da cidade, da festa.

Os prêmios ofertados compensaram os esforços dispendidos?

Bastaria a vitória para compensar os esforços dispendidos, mas a mim a alegria foi ainda maior, quando recebi os prêmios oferecidos pelo Sindicato Rural, Agroceres e Móveis Carvalho.

Você se apresentará nos canais de televisão ao público mineiro. Quando?

Sim, juntamente com Maria Tereza¹ e Suzete². Não sabemos precisamente a data.

Você gostou da apresentação de Moacyr Franco e Guto?

Bem, o show não atendeu totalmente à nossa expectativa. O próprio Moacyr se manifestou, afirmando que desejava apresentar algo autêntico como o nosso público bem o merecia. O ambiente não era propício, o povo afastado, e por isso verificou-se que aqueles aplausos que sempre se têm visto em programas de TV, não foram repetidos ali. Mas foi uma novidade, uma grande atração, sem dúvida alguma.

Você acha que os NCr$ 6.000,00 pagos pelo espetáculo pirotécnico, foram bem empregados?

Claro. Êste espetáculo agradou a todos. Deu um colorido todo especial àquela noite. Espero que o mesmo não saia das programações das festas posteriores.

E nosso jornal, você poderia nos dizer algo que pudesse melhorá-lo? Que achou do nome?

Apesar de ser um jornal recente, êle vem mostrando ao povo a capacidade de realização de seus arrojados e dinâmicos líderes. Comparo-o a um tesouro, onde a valise seja desmerecedora de elogios, mas o conteúdo seja uma riqueza autêntica de cultura, de ideias novas.

Quanto ao nome, como já disse, comparo àquela valise. Aparentemente, é um tanto pessimista, preparando o espírito do leitor para algo pior. É um título enganador, e, que chama a atenção… mas quando abre-se a valise, depara-se com coisas dignas de um grande jornal, com um conteúdo profundo, que muito interessa. Parabéns “Má Nota”³.

Sirvo-me desta oportunidade para levar a todo o povo, a minha palavra sincera de agradecimento por tudo. Retribuirei a esta consagração trabalhando com maior interêsse para a projeção de Patos. Levarei onde quer que eu seja solicitada o nome de Patos, as suas riquezas, a sua gente, seu todo. Os meus agradecimentos a êste jornal por mais esta oportunidade de dirigir-me ao povo. Foi um prazer conceder-lhes esta entrevista. Muito obrigada.

* 1,2: Maria Teresa Brandão de Morais e Susete Maria de Ávila, as outras duas candidatas. Desde a 1.ª Festa, em 1959, os votos eram vendidos. Em 1967, foi a 1.ª eleição de voto popular.

* 3: O jornal Má Nota, órgão do Centro de Estudos, Debates e Ação Educativo (CEDAE) foi lançado em março de 1967, sob a direção de Marco Túlio de Carvalho, Otoniel Otávio Maia e Sérgio Roberto Borges. Editado por jovens, circulou até meados de 1968, com a direção de José Geraldo Ferreira.

* Fonte: Texto publicado com o título “Má Nota Entrevistando” na edição de junho de 1967 do jornal Má Nota, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de história (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, via Marialda Coury.

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