OLHO SECO EM CÃES

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A Ceratoconjuntivite Seca (CCS), também conhecida como Olho Seco, é um ressecamento da córnea e da conjuntiva causado por uma diminuição da porção aquosa da lágrima. É uma doença oftálmica progressiva (pode levar à cegueira) associada com inflamação, secreção ocular e dor. Muitas espécies animais são afetadas, mas é mais frequente em cães. Inicialmente, os sinais são muito semelhantes aos de uma conjuntivite (olho vermelho, secreção ocular, coceira), o que muitas vezes retarda o diagnóstico e o tratamento correto. Mais tarde a córnea começa a ficar pigmentada (manchas escuras) levando o animal à cegueira. Qualquer raça pode apresentar a doença, mas as que apresentam maior predisposição  são: Cocker Spaniel Americano, Buldogue Inglês, Schnauzer miniatura, Pug, Yorkshire Terrier, Pequinês, West Highland White Terrier. English Springer Spaniel. Samoyeda, Shih-tzu e Boston Terrier.

A lágrima tem a função de nutrir, proteger e lubrificar a superfície ocular. Ela é formada por três componentes: um aquoso, um mucoso e um gorduroso. A porção aquosa (água) forma cerca de 90% da lágrima e é secretada pela glândula lacrimal principal e pela acessória (glândula da terceira pálpebra). A glândula da terceira pálpebra é responsável por até 50% da secreção da porção aquosa da lágrima, por isso deve ser sempre reposicionada cirurgicamente quando “salta para fora”. Esta glândula só pode ser removida em casos onde esteja gravemente danificada. A porção gordurosa é secretada pelas glândulas tarsais (margem palpebral) e a mucosa pelas células caliciformes presentes na conjuntiva. A quantidade de lágrima está diminuída quando há perda da fração aquosa, ou seja, quando há menos água do que deveria. Se há menos água, há excesso de muco e gordura, aumentando a secreção ocular e dando um aspecto de infecção nos olhos. Muitas vezes pode ocorrer uma contaminação bacteriana secundária, pois com pouca lágrima a córnea fica com menos células de defesa.

Existem muitas causas conhecidas: congênita (de nascença) e possivelmente hereditária (transmitido dos pais para os filhos); lesões traumáticas nas glândulas lacrimais ou na sua inervação (base da orelha); remoção cirúrgica ou lesão grave da glândula da terceira pálpebra; carência de vitamina A; distúrbios endócrinos (como hipotireoidismo e diabetes); tratamentos prolongados com medicações a base de sulfa ou colírio de atropina; botulismo; doenças sistêmicas, como em casos de cinomose; doenças autoimunes e degenerativas; atrofia senil (perda de função por envelhecimento); causa idiopática (desconhecida).

O diagnóstico é estabelecido através do exame oftálmico realizado por um veterinário (preferencialmente especializado em oftalmologia veterinária) e das informações sobre o histórico do paciente. O Teste da Lágrima de Schirmer consiste de uma tira de papel filtro milimetrada que mensura a quantidade de lágrima produzida. Valores normais estão entre 15 e 25 mm/min. Valores abaixo de 14 mm/min já são considerados CCS subclínica e abaixo de 10 mm/min já ocorre apresentação de olho seco. Geralmente a doença ocorre nos dois olhos, mas há casos em que apenas um olho está seco, principalmente em casos de trauma (batida na cabeça, acidente automobilístico). Também é importante realizar o teste de fluoresceína, pois uma superfície ocular ressecada está mais sujeita a úlceras de córnea.

O tratamento consiste em utilização de colírios que estimulam a produção lacrimal (Ciclosporina A, Tacrolimus, Pimecrolimus) e substitutos da lágrima. No início do tratamento é necessário associar colírios anti-inflamatórios e antibióticos. Em média são necessários mais de 30 dias de tratamento para começar o estímulo na glândula lacrimal. Este tratamento deve ser realizado por um médico veterinário oftalmologista, para que seja realizada a escolha correta do antibiótico, do anti-inflamatório e da concentração do colírio estimulante da lágrima. Casos mais graves que não respondem ao tratamento clínico podem ser tratados cirurgicamente. A transposição do ducto parotídeo é uma cirurgia que consiste em “desviar” um ducto salivar. Assim a saliva vai para o olho para substituir a lágrima. Mas geralmente ocorrem muitas complicações, sendo realizada em último caso. É importante alertar que a CCS seca não tem cura, mas sim controle. Mesmo que melhore muito basta parar com os estimulantes lacrimais para que todos os sinais voltem a aparecer, ou seja, o paciente necessita de tratamento para o resto da vida.

* Fonte e foto: Oftalmologianimal.com.br (Oftalmologia Animal, Oftalmologia Veterinária, informações sobre doenças Oftalmológicas em Animais pela Médica Veterinária Fabiana Quartiero Pereira).

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