VETERANO ASSANHADINHO

Postado por e arquivado em CANTINHO LITERÁRIO DO EITEL.

Um lojista do Centro, já rodado, tem uma predileção especial: moças de dezoito anos. Para não ter problemas, de acordo com seus enrugados neurônios. Se a esposa sabe dessa pequena predileção do maridinho isso não se sabe. Só sei que nunca fiquei sabendo de nenhuma reclamação por parte dela… até então. Por isso o veterano assanhadinho se solta à vontade com um grave problema: não tem o famoso simancol. Para piorar, é feio que nem o capeta diante da cruz. Por ter uma renda pouquinho acima da média, amparada mais na aposentadoria, acredita piamente que um dia convencerá uma moçoila a lhe proporcionar momentos de raro prazer. O local preferido de seu safari feminino é o Pátio Central Shopping, onde desfila sempre com uma calça jeans que cobre totalmente os sapatos, com as barras invariavelmente arrastando no chão.

Numa bela noite de sábado, o geriátrico conquistador se encantou com uma beldade que, nos áureos tempos, era chamada de debutante. E tome olhares enviesados e a menina já comentando com a amiga que tem véio que não se enxerga. Mas o véio estava a fim e a garota já preocupada. Pensaram até em falar com um segurança, mas resolveram aguardar num naqueles bancos de madeira. Enquanto isso, o tarado fingia apreciar as vitrines. As duas então resolveram fingir que iam embora pela escada rolante.

Desceram e o homem, na maciota, logo percebeu e foi atrás. Chegando ao estacionamento, elas fizeram o percurso inverso, correndo mais que a escada. Como quem não queria nada, o veterano fez o mesmo. Quando chegou ao final da escada, uma barra da calça se prendeu naqueles dentes e o tombo foi, inicialmente, motivo de risos para todo mundo. Mas só inicialmente, pois passados 30 segundos o assanhadinho continuava deitado. Juntou gente e ele não se mexia. Até as duas perseguidas se preocuparam. Resultado da tarada investida: uma costela quebrada, um enorme galo na testa, uma grave torção no tornozelo, quinze dias de repouso obrigatório e o maior drama de todos: a fúria da esposa. Depois dessa, o comerciante resolveu dar um tempo nas investidas amorosas, para alegria geral das moçoilas patenses. Quanto ao procedimento da esposa, ainda não fiquei sabendo.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 10/04/2017 com o título “Jardineira de Pedro Gomes Carneiro”.

Compartilhe