POLÊMICA ENTRE PADRE ALMIR E SEBASTIÃO PEREIRA POR CAUSA DA BANDA LIRA MARIANA PATENSE

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Durante algum tempo, Padre Almir Neves de Medeiros editou a coluna Roda Vida no Jornal dos Municípios. Nela, comentava sobre assuntos diversos, especialmente aqueles relacionados com o Cristianismo. No início do ano de 1969, mais precisamente em 26 de janeiro, ele fez o seguinte comentário sobre uma determinada Banda de Música:

Uma pergunta que nos persegue, sempre e a tôda hora: Por que não reorganizar a nossa Banda de Música? Por que não dar a ela o nome do Exmo. Sr. D. José André Coimbra, aquele que tanto fez para que a idéia se concretizasse, aquele que tanto trabalhou na campanha de aquisição de instrumentos? Onde andam êsses instrumentos, fruto de uma campanha realizada pela nossa Rádio Clube de Patos, com apôio de tôda a cidade? Onde andam os nossos músicos? Um apêlo, de público, ao Professor Dr. Sebastião Pereira, homem não só afeito aos segredos da gramática e das letras, mas também um artista em tudo aquilo que diga respeito ao mundo da música! Vamos reorganizar a nossa “furiosa”! Que o Exmo. Sr. Prefeito Municipal, seja ouvido a ver o que se pode fazer pela Prefeitura. Aqui fica a sugestão!

Pouco mais de um mês após, Sebastião Pereira respondeu através de uma carta com o título “Resposta ao Pe. Almir” publicada em 02 de março no mesmo jornal:

Há tempos, nêste jornal, na coluna “Roda Viva” o Pe. Almir deu umas alfinetadas num assunto que nos é muito caro: a Banda de Música.

Quando cheguei a Patos, no crepúsculo de 1958, existia na cidade, a Lira Mariana Patense, de saudosa memória. O maestro Zico Campos regia a corporação musical. Conheceu ela dias de glória. Por estas bandas não havia ainda as fugidias imagens do Canal 4 e as do 7 não chegavam a ser esperanças… A Lira Mariana apresentou-se na Televisão em Belo Horizonte e o fêz com sucesso.

Por razões que não irão aqui citadas, a Lira emudeceu, pouco depois. Muitos, talvez, ainda se lembram da teimosia construtiva do Frei David. De certa feita, convocou-nos para uma reunião, lá na Igreja Velha. Aquela da praça D. Eduardo, destruída para apenas dar lugar a uma outra praça. (Ah! a mania das praças). Tratamos da Ressurreição da Lira Mariana Patense. O Sr. Alino Campos estava presente.

Do dia para a noite, vimo-nos maestro. Um maestro á fôrça e a martelo. Lutamos desesperadamente. Mantivemos na Rádio Clube, por 2 anos, três vezes por semana, o programa. Aí vem a Banda. Tudo gratuito. A Rádio desinteressou-se pelo programa e o Mac acabou com êle.

A cidade ganhou, naquela época, um músico de alto teor, o Sr. Cícero Nunes Campos. Procuramos trazê-lo logo para a nossa área. Homem de fibra, de organização perfeita, deu vida nova á nossa Banda de Música. Tocamos em várias festas religiosas. Fizemos Retretas. A má vontade de alguns músicos, a intriga característica de certos patenses, tudo serviu para o colapso fatal. A Lira emudeceu pela segunda vez.

Depois de tantas desilusões prosseguimos. No salão da Casa Paroquial o Sr. Cícero deu aulas de música, gratuitas para os filhos dos músicos. Nada conseguimos…

Pe. Almir um pouco de História, antes da resposta. Não gostamos daquela “furiosa”. Para o músico é pejorativo. O mais grave não reside nisso.

Há uma onda por aí e nós conhecemos os mestres das ondas. O instrumental da falecida Lira Mariana Patense pertence á ordem dos frades capuchinhos desta cidade. Toma-los não será fácil assim…

Pe. Almir, Patos de Minas pode ter excelente Banda de Música. O instrumental não constitui problema. O pior é justamente o elemento humano. Falta entusiasmo e senso de responsabilidade. O músico de hoje quer é ganhar.

Ponderemos também. A Municipalidade jamais prestigiou nosso trabalho. Na gestão anterior, recebemos intimação telefônica de funcionário da Prefeitura para que tocássemos na Alvorada da Festa do Milho. Respondemos que não. Não recebíamos qualquer subvenção…

Pe. Almir, nós nos cansamos de pegar o boi pelos chifres… Se alguém se propuser a fazê-lo com seriedade, pode contar conosco para ajudar a empurrá-lo…

* Fonte: Arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Revistaempresariofitness.com.br.

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