BANDA SANTA CECÍLIA & OLEGÁRIO: O DIA EM QUE OS BORGES TOCARAM PARA UM MACIEL

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TEXTO: LAURINDO BORGES (1969)

Sob a batuta de Augusto Borges a “Banda” Santa Cecília cumpriu um vasto programa de festas em regozijo pelas inaugurações de água e luz na cidade. Alvorada ao raiar da aurora, tocata no ato de inauguração da caixa d’água na mata da fazenda do Cap. José de Sant’Ana, na sessão cívica e na manifestação ao presidente da Comarca¹, Dr. Marcolino de Barros. Naquêle tempo não era “Prefeito” quem dirigia os destinos dos municípios, era o Presidente, e em sua falta o Vice-Presidente.

Foi sob a presidência do Dr. Marcolino que Patos teve a sorte de ver realizado o seu desejo de ter água canalizada e luz elétrica. Também foi o Dr. Marcolino de Barros quem construiu o primeiro Grupo Escolar da cidade.

Grupo Escolar que com muita justiça recebeu o seu nome. E o seu primeiro diretor foi o professor Modesto de Melo Ribeiro.

Um dos fatores que muito concorriam para que se pudesse manter uma “Banda” naquela época era a disciplina e o respeito ao regente.

Augusto Borges, Randolfo Duarte Campos e João Ambrósio aliavam ao gosto e dedicação pela música o dom de conseguirem de seus companheiros o respeito e o acatamento as suas decisões. E para que a “Banda” estivesse sempre bem afinada, havia ensaios bi-semanais.

A “Banda” Santa Cecília foi a que mais tempo esteve organizada, durou mesmo muitos anos. E é de se notar que quase todas as suas tocatas eram gratuitas. Meu saudoso pai fazia sacrifícios para manter a Banda sempre atuante. E isto fazia por diletantismo por gostar de música.

Ainda no meu tempo de músico houve uma tocata que demonstrou o altruísmo, o bairrismo, o bom senso, o desapêgo a cousas mesquinhas, e o só propósito de ser útil em qualquer circunstância, do Diretor e dos componentes da “Banda” Santa Cecília.

Já havia divergência politica entre os Borges e Maciéis. Olegário Maciel fôra designado Consultor Técnico da Viação, no governo do então Presidente da República Dr. Wenceslau Braz.

Regressando a Patos os seus familiares e correligionários promoveram-lhe manifestações à sua chegada. Mas sem o insentivo de uma banda de música a manifestação perderia muito de seu entusiasmo. As “Bandas” do Sr. Randolfo e do Sr. João Ambrósio estavam inativas. O jeito era apelarem para a banda do adversário. Alguém apareceu lá em casa com conversa mole: – “Sr. Augusto, o Sr. compreende…” meu pai não o deixou prosseguir, dizendo: – “Já sei, chega amanhã o Dr. Olegário e vocês estão sem uma Banda de música, o jeito que tem é vir apelar para a minha ‘bandinha’… Pois bem, nós iremos tocar para o Dr. Olegário, vocês não merecem não, mas êle merece”.

* 1: Marcolino Ferreira de Barros era presidente da Câmara, correspondente ao Prefeito de hoje, e não da Comarca.

* Fonte: Texto publicado com o título “Quem de Longe!…” na edição de 16 de fevereiro de 1969 do Jornal dos Municípios, do arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Musica.colorir.com, meramente ilustrativa.

* Edição: Eitel Teixeira Dannemann.

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