ERA A OUTRA

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Praça de alimentação do Pátio Central Shopping. Nós lá trocando ideias sobre os costumes de certos povos que ainda vivem na Idade da Pedra, como algumas tribos aborígenes da Austrália. Foi aí que nossos olhos descobriram as duas garotas, duas típicas adolescentes pós 15 anos representantes dignas da era do hormônio exacerbado do século 21. Quer dizer, estavam em caça, tanto que flertavam com dois garotões noutra mesa a poucos metros. Eles olhavam, se falavam, davam risadinhas. Elas olhavam, se falavam, davam risadinhas. Entre eles, um era apresentável – porque para nós das antigas não tem essa de homem bonito – e o outro, feio – porque para nós das antigas todo homem é feio pra caramba. Entre elas, uma era bela e a outra feia, como de hábito, pois toda mulher bonita sempre está acompanhada de uma feia.

Começamos a fazer previsões sobre o que aconteceria. Pelo que deduzimos, o feio se encantou pela bela e a feia se encantou pelo apresentável. Só que, na realidade, e não foi preciso muito esforço para se chegar a essa conclusão, o apresentável estava formigando de vontade pela bela e vice-versa. Num determinado momento, parece que a bela sentiu vontade de ir ao banheiro. E foi, garbosamente desfilando para os dois garotões. Quando a bela voltou, foi a vez da feia, que não teve como ser garbosa. Na verdade, não houve xixi ou qualquer outra excreção orgânica, pois elas queriam mesmo era desfilar para os pretendentes. Afinal, estavam em caça e, mais do que nunca, a fim.

De repetente, ele, o apresentável, fez um sinal para a feia, chamando-a. A feia, tremendamente emocionada por ter sido escolhida por ele, foi até lá, numa euforia de fazer torcedor de URT e Mamoré sonhar com o título mineiro. E a feia chegando lá, o apresentável perguntou:

– Qual é o nome da sua lindíssima amiga?

Imagine o estrondo de uma bomba atômica. Foi com o som similar que a feia proferiu um baita palavrão. Rodou nos calcanhares e voltou para a mesa da amiga. E ambas se mandaram, pois amiga bonita de mulher feia é mais solidária que as habitantes das colmeias.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 10/04/2017 com o título “Jardineira de Pedro Gomes Carneiro”.

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