PROSTITUTA VENDE FILHA EM 1914

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Patos de Minas, desde os seus primórdios, contou com a presença da prostituta¹. Não havia uma exploração sistemática e organizada como a de nossos dias. Elas trabalhavam em casas isoladas, em ambientes paupérrimos. Situavam-se no então subúrbio do Baixo da Várzea². Até a década de 1930 pode-se dizer que não houve nenhuma prostituta famosa. Em 1914, a edição de 18 de outubro do jornal O Commercio nos colocou a par da existência de uma delas: Maria José, vulga Tubáca. E pela pequena nota, a dita Tubáca não era nada lisonjeira com seus filhos:

Informam-nos pêssoas de conceito que, ha pouco, nesta cidade, a meretriz Maria Josè (vulgo Tubàca), vendera por 15$000 uma sua filha menor a um rapaz. Este que é camarada de um cidadão recem vindo para aqui, mora publicamente com a dita menor, em uma de nossas ruas. Dizem que alem d’esta a dita Tubáca tem mais uma filha que se acha em Arèado, e qué tambem para vender, esta 20$000! Não nos convindo commentar pela repulsão que nos causa factos de tal natureza, vai esta com vistas a quem de direito.

Quinze dias após, a edição de 1.º de novembro do mesmo jornal publicou outra nota com o título “Uma Filha por 15$000” que esclarece um pouco o caso e que teve a presença no caso de dois ilustres cidadãos:

Em vista do que sobre o titulo acima publicamos em nossa edição de domingo passado, foram detidos os tres protagonistas da tal negociata, jà se achando soltos actualmente. O rapaz que se chama Euzebio de Souza Barbosa e conta 25 annos de edade, declarou que, ha uns 15 dias Tubáca lhe dera a filha e que elle a deflorara. Examinada a menor, que se chama Manoela Hermenegilda de Souza, de 15 annos de edade, os peritos Drs. Adelio Dias Maciel e Agenor Dias Maciel não encontraram nella signal de defloramento. Sobre a venda da pequena, por enquanto, nada consta, si bem que é voz geral que ella foi vendida.

* 1: Leia “Prostituição”.

* 2: Antigamente a denominação Várzea compreendia duas áreas distintas: Baixo da Várzea, que hoje é o Bairro do Brasil, e Alto da Várzea, próximo ao centro, nas imediações do Café Cristal.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Fonte: Jornal O Commercio, do arquivo da Hemeroteca Digital do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, via Altamir Fernandes.

* Foto: Libertesuamente13.blogspot.com.br.

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