BECO NOVO E RUA MAJOR GOTE

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TEXTO: AFRÂNIO CAIXETA DE MELO (1997)

A Rua Major Gote recebeu outros nomes, anteriormente. Desembargador Frederico, Benedito Valadares e, por último, Rua Major Gote. No entanto, ela atravessava o centro da cidade e terminava na Praça Antônio Dias.

O trecho da atual Rua Major Gote que seguia ao lado da Praça Antônio Dias e que atravessava o Brejo do atual Mamoré, era chamado de Beco Novo. Vamos ao mais importante que quero registrar o seguinte: Papai, Aurélio Caixeta de Melo, contava que, em 1920 esteve com seu compadre Farnese Dias Maciel e dialogou com ele de maneira calma e séria, sobre o delicado assunto do traçado do Beco Novo. Isto porque havia algumas famílias que moravam do lado esquerdo, descendo a atual Rua Major Gote, numa distância de mais ou menos mil metros do centro da cidade. Diziam que já estavam cansadas, com aquele beco praticamente intransitável. Naquela época tudo era difícil, o transporte não era favorável principalmente quando caiam as tempestades e as pessoas ficavam com dificuldades para atravessar o Beco Novo.

A casa de comércio Goyaz – Queiroz, Mello & Cia. de Aurélio Caixeta de Melo, tio Abílio Caixeta de Queiroz, Olympio de Melo e Severino Neves que dava para o Beco Novo, nela se encontrava de tudo. Então muitas pessoas da cidade e das roças iam lá fazer suas compras. Todas gostavam da qualidade dos produtos e da sinceridade do atendimento do papai, Aurélio Caixeta de Melo e funcionários.

Assim, padrinho Farnese e papai se ajeitavam. Os dois procuravam homens fortes para abrir o caminho. O Beco Novo era longo, atravessava o Brejo do atual Mamoré e ia até a Chácara Formosa (junto ao Parque de Exposições) dos tios Dona Queta e Senhor Manoelzinho. Antes, a estrada, que em parte transformou na Rua Major Gote dava voltas da Praça Antônio Dias em direção ao Mercado Municipal, depois seguia para o Bairro do Rosário e por fim em direção à Chácara do tio Manoelzinho e tia Queta. A chácara deles era um lugar pitoresco, onde as famílias se divertiam e de onde traziam frutas gostosas de todas as qualidades.

O Beco Novo também servia para passar cavaleiros, carros de boi e de cabritos. Lembro-me de uma passagem com seu Tomazinho e seu filho José. Do meio do brejo do Mamoré, escutávamos o senhor Tomazinho gritando: “José, pegue os cabritos e vai com o carrinho buscar lenha no mato do compadre Aurélio, porque precisa cozinhar o feijão, meu filho”.

* Fonte: Poesias, Memórias e “Causos”, de Afrânio Caixeta de Melo, do arquivo de Sebastião Cordeiro de Queiroz.

* Foto: À esquerda, residência da família de Aurélio Caixeta de Melo. À direita, o imóvel onde funcionou a Casa Goyaz, a Escola de Dona Madalena e hoje é um prédio onde funciona um hotel. Do arquivo do MuP, publicada em 08/01/2014 com o título “Residência de Aurélio Caixeta de Melo – 1”.

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