JAIRO GERALDO NOGUEIRA E SEUS FEIJÕES EM 1973

Postado por e arquivado em HISTÓRIA.

“Seu” Jairo é uma pessoa tranquila que gosta de se vestir com simplicidade e contar casos com sua voz lenta e arrastada. No seu coração um grande amor pela terra: amor tão irrequieto que o fez deixar “pela metade” um curso de agronomia para vir logo cuidar de sua propriedade. O nome todo dele é Jairo Geraldo Nogueira¹ e quem o vê no jeep empoeirado ou na casa simples onde mora quando está “na cidade” acha difícil acreditar que ele tenha conseguido tanto dinheiro com os plantios que faz. “Seu” Jairo é plantador de feijão, mas um plantador diferente: a sua produção é de tão boa qualidade que é revendida para os outros agricultores como semente.

Ele conta com orgulho que o primeiro cruzamento de milho híbrido na região quem fez foi ele: “Isto prova o quanto sempre me interessou o problema de melhoramento de sementes”. Depois a ACAR resolveu selecionar alguns produtores que pudessem multiplicar o feijão semente produzido na região pela Estação Experimental de Patos e “Seu” Jairo foi logo dos primeiros procurados, já que a condição básica para a seleção é que os agricultores se interessassem pela aplicação de tecnologia em suas lavouras e tivessem demonstrado boa aceitação de inovações técnicas.

O primeiro plantio semente básica de feijão ocupou uma área de 20 hectares e foi feito no ano agrícola de 1971/72. Foram colhidos 457 sacos. O plantio deste ano, numa área de 40 hectares, deu uma produção total de 771 sacos com a média de 26 sacos por hectares. A produção poderia ter sido maior se não fosse um ataque de lagarta. E o feijão-semente de “Seu” Jairo já está ganhando fama nacional: pedidos estão chegando de diversos estados brasileiros, principalmente da Bahia e Santa Catarina. Mas, por enquanto, toda a produção está sendo consumida pelos produtores da própria região.

“Seu” Jairo planta a variedade Rico-23 e os planos para o futuro são de aumentar a área plantada e a produtividade. A partir deste ano ele fará plantios também na subestação da Cascata, que arrendou por um ano à Secretaria da Agricultura. A ACAR acompanha o trabalho de plantio das sementes básicas de feijão, desde o preparo do solo até a colheita. Há ainda fiscalizações do Ministério da Agricultura e Secretaria da Agricultura. Os plantadores de semente básica conseguiram financiamento especial da Caixa Econômica Estadual.

* 1: Fez parte do Conselho Técnico da 1.ª Diretoria da Associação Rural de Patos de Minas. Leia “Sindicato dos Produtores Rurais”.

* Fonte e foto: Texto publicado com o título “Colhendo as Sementes que Semeou” na edição de setembro/dezembro – 1973 da revista Extensão em Minas Gerais.

Compartilhe