DEIXAREI SAUDADE – 52

Postado 22 de junho de 2018 por Eitel T. Dannemann e arquivado em 2018, DÉCADA DE 2010, FOTOS.

Certa vez minhas ditosas paredes ouviram uma frase que me pôs a pensar sobre o futuro: O tempo chega sempre; mas há casos em que não chega a tempo. De prontidão me lembrei das casas do Major Jerônimo, do Coronel Farnese, aquela lá do Clarindo José de Souza na Praça do Rosário e tantas outras, principalmente as humildes. É, o tempo para elas não chegou a tempo, quer dizer, não houve tempo para se manterem no espaço físico-temporal da Cidade. Foram-se para sempre. Só restou a lembrança de que foram importantes em seu tempo, este que as carregou no tempo de suas vidas até o tempo delas se extinguirem antes do tempo. A pergunta que todos os imóveis fazem é a seguinte: Por que o antigo não pode viver com o novo? A especulação imobiliária não perdoa, mata quem estiver em seu caminho. Raros são os imóveis antigos que conseguem escapar da voracidade do progresso, protegidos que foram pelo patrimônio histórico. Felizardos por serem do escol, ou você aí já viu algum imóvel antigo de gente humilde ser protegido pelo patrimônio histórico?

Bem, deixando essa lereia de lado, sei que nunca fui da elite, mas, convenhamos, não sou de se jogar fora, né, tenho lá umas linhas geométricas até que ajeitadas. E, preste atenção, fui erguida pertinho de, nada mais, nada menos, da casa do Major Jerônimo¹. Inclusive, olha aí na foto, esse beco aí ao lado esquerdo tinha o nome da Dona Inhá, esposa do Major. E não é que resolveram tirar o nome da Dona Inhá do beco? Falta de consideração². E a maior falta de consideração foi a demolição da casa do Major, o nosso primeiro prefeito³. Ó desânimo, ó tristeza com tudo que percebo em minha volta. Estou, como as minhas colegas no entorno, sendo sitiadas pela famigerada especulação imobiliária. Fazer o que? Nada, absolutamente nada, pois o destino de todas nós dos idos tempos, com a exceção de algumas da nata, é se transformar num monte de entulhos. Que seja, que venham as máquinas, mas quando a minha poeira subir aos céus, é o sinal da minha importância para a História de Patos de Monas. E deixarei saudade!