SOBRE A COMPRA DE UM RELÓGIO PARA A TORRE DA ANTIGA MATRIZ − 3

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Mesmo com a doação de Silva Guerra de um terreno para a construção de um templo na povoação Os Patos acontecendo em 1826, o tempo passou e o lugar continuava sem capela benta ou imagem colocada da invocação. De acordo com a Diocese de Patos de Minas, o padre José de Brito atendeu o lugar do ano de 1831 a 1839, quando foi, finalmente, construída a primeira capela, dedicada a Santo Antônio como bem queriam os doadores da terra. Desde então a primeira Matriz sofreu uma série de transformações, da base à torre¹. Mesmo não havendo registros históricos sofre o assunto, é certo que até o ano de 1912 a primeira Matriz não possuía relógio na torre. Então, eis que o jornal O Commercio resolveu trabalhar em prol de se conseguir o relógio através de doações financeiras². E a “coisa” foi longa, pois em 12 de outubro de 1913 o mesmo jornal “O Commercio” tratou do assunto³. E veio 20 de janeiro de 1914:

Conforme publicamos, a 12 de outubro do anno p. passado, naquella data, existia em nosso poder um saldo de 55$900 da compra do relogio, sujeito às despesas de installação.

Como esta foi feita por conta da Matriz não damos a importancia das respectivas despesas, dando apenas em seguida a lista dos que pagaram, depois daquella data, as quantias subscriptas. e a conta das despesas de transporte do relogio que tivemos que pagar do Rio de Janeiro a esta cidade.

RECEITA

Saldo em nosso poder a 12 de outubro do anno passado: 55$900
Antonio de Paula e Silva: 1$000
José Caixeta de Amorim: 1$000
José Martins Barbosa: 1$000
Cassimiro Bento Nicolau: 1$000
Mario Noronha: 5$000
Elias Mantovani: 2$000
Dr. Euphrasio Rodrigues: 3$000
João de Mello Ribeiro: 3$000
José Luiz Ferreira: 2$000
José Luiz Gonçalves: 2$000
Francisco José Bento: 1$000
Manoel Jeronymo Flavio: 1$000
Pedro Marques da Silva: 1$000
Antonio Luiz Ferreira: 1$000
João Nunes da Silva: 1$000
Cap. Francisco Irineu Borges: 50$000
João Amorosio dos Santos: 1$000
TOTAL: 136$900

DESPEZA

Despezas de 3 volumes até Urubú, Boletim n.º 6148: 136$100
Carreto de 2 volumes, de Urubú até esta cidade, 413 kilos, Guia n.º 641: 54$100
Carreto 1 volume (mostrador) pago aos Srs. Gotte, Maciel & Cia., 55 kilos: 30$000
TOTAL: 220$200

BALANÇO

Despeza: 220$200
Receita: 136$900
Deficit: 83$300

Alem de sanar este deficit receberemos de bom grado qualquer quantia que nos for expontaneamente entregue, sendo opportunamente publicados os nomes dos generosos favorecedores.

Todas as contas, listas, facturas e mais papeis referentes ao relogio acham-se em nosso poder, á disposição de qualquer pessoa que queira examinal-os.

Dando por terminada a nossa missão, cumprimos gostosamente o dever de externar nestas linhas todo o nosso reconhecimento a todas as pessôas, indistinctamente, que contribuiram para a acquisição de nosso regulador publico, acudindo assim ao nosso appello.

Ao nosso prezado amigo Alino Corrêa Borges que de bôa vontade prestou-se a, desinteressadamente, comprar no Rio o relogio, fazendo uma bella escolha, uma excellente acquisição, tambem o nosso sincero agradecimento.

A todos e a cada um de per si, eternamente agradecidos.

NOTA: O relógio foi transportado para a Catedral de Santo Antônio, depois de concluída, permanecendo até hoje no alto de sua majestosa torre.

* 1: Leia “Histórico da Primeira Matriz”.

* 2: Leia “Sobre a Compra de um Relógio Para a Torre da Antiga Matriz – 1”.

* 3: Leia “Sobre a Compra de um Relógio Para a Torre da Antiga Matriz – 2”.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Fonte de “O Commercio”: Arquivo do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão de História (LEPEH) do Unipam.

* Foto: Arquivo da Fundação Casa da Cultura do Milho, publicada em 19 de agosto de 2013 com o título “Antiga Igreja Matriz em 1916”. Lá está o relógio!

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