ZONA BOÊMIA, A

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A zona boêmia da cidade, na efervescência dos anos cinqüenta, ficava a dois quarteirões da majestosa avenida Getúlio Vargas, onde estão a belíssima catedral de Santo Antônio, a casa onde residiu o Presidente do Estado de Minas Gerais, Olegário Maciel, a Escola Normal Oficial, o Fórum, o Grupo Escolar Marcolino de Barros, e também a sede do Governo Municipal.

Lá, na rua Padre Brito, existia a boate da Lé, famosa pela exuberância do salão de danças, jogo de luzes e discoteca, onde se ouviam os sucessos mais recentes de Nelson Gonçalves, Anísio Silva, Silvinho e Orlando Dias, chegando-se até aos tangos imortais de Gardel.

Bem defronte, outra boate não menos famosa, a da Brama, que mantinha com a Lê uma saudável concorrência. Mais embaixo, o Buraco do Tatu. E quem não se lembra da Nenzinha, Bilisca, Fiapo, Mulão, Maria Cachorra, que fizeram a alegria e realização dos sonhos eróticos de várias gerações?

Lá perto do Beco da Paulada, outro local para os menos favorecidos financeiramente, ficava o restaurante do Samuel, onde se servia o melhor bife acebolado e o melhor escaldado que já se comeu e que já se tomou em Patos de Minas.

Como num ritual, as “donzelas” residentes nas casas de tolerância subiam todas as tardes em direção ao centro da cidade, passando inevitavelmente pela porta da Prefeitura. Com suas vestimentas da época – saias curtas e coladas ao corpo, com exuberantes decotes -, passeavam pelo centro da cidade procurando as novidades na Casa do Joãozinho, então considerado o magazine mais chique, e também para conhecerem os lançamentos da moda em calçados lá da Balalayka.

E aqui entra outra história de um ex-prefeito. Viajando para a capital do Estado, ele conseguiu uma audiência para avaliação política com o Governador. Em meio à reunião, o Governador pergunta enfático:

– Como é, Prefeito, e a sua zona como anda?

E o Prefeito, mais que depressa:

– Pois é, Governador, uma pouca-vergonha. É aquela mulherada quase pelada, o dia todo pra baixo e pra cima, na porta da Prefeitura.

* Publicado em “Patos de Minas – Histórias que até parecem estórias…”, de Donaldo Amaro Teixeira e Manoel Mendes do Nascimento (1993). Ilustração de Ercília Fagundes Moura.

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