CANDURA DO CARLINHOS, A

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Depois de uma conversa franca com o marido, a esposa conseguiu convencê-lo de que precisava dar mais atenção ao filho Carlinhos, de apenas cinco anos de idade. Realmente, o ritmo de trabalho numa empresa agropecuária com escritório à Avenida Juscelino Kubitschek estava demasiado excessivo, obrigando-o a chegar em casa quase sempre depois das oito da noite e louco por uma cama. Quando brincava com o filho, quinze minutos era muito. Interessante é que no quarto não faltava tempo para a mulher, e por isso ela exigiu mais tempo dedicado ao filho. Bom marido que é, concordou plenamente com a querida esposa.

Era a semana da Festa do Milho. Então ficou decidido:

– Mulher, amanhã é sábado, vou pegar o Carlinhos e levá-lo ao Parque de Exposições à noite, vamos e voltaremos de ônibus para que eu possa ter uma maior interatividade com ele. Tudo bem?

De prontidão a esposa concordou, considerando uma ótima ideia. No outro dia, lá estavam pai e filho no Parque de Exposições. Os dois caminharam à beça e depois o garotinho se esbaldou pelo menos umas duas horas no parque de diversões. Para deixar o menino ainda mais radiante de alegria, deixou-o comer quantos cachorros-quentes quisesse. Conseguiu embuchar três. Perguntado se queria comer algo mais, ele candidamente respondeu:

– Não papai, estou cheio.

E o papai explicou tudo direitinho ao filhinho:

– Carlinhos, não é assim que se fala, papai e mamãe já te ensinaram que não é cheio, é satisfeito.

Na volta, ao chegar ao ponto, perceberam que já tinha muita gente em pé no ônibus. O Carlinhos, perspicaz demais da conta apesar da pouca idade, notou que o ônibus estava cheio. E, lembrando-se das palavras do pai, a candura do garotinho entrou em ação:

– Nossa, pai, olha só que ônibus satisfeito!

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 28/02/2013 com o título “Prefeitura em 1916”.

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