SEGREDOS ENTRE AMIGOS

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Em 1975, o cidadão Leoclides Araújo de Menezes, conhecido pela alcunha de Cochila¹, antigo funcionário do movimentado Bar do Cabaça que funcionava à Rua Padre Caldeira em frente ao Mercado Municipal, resolveu trabalhar por conta própria comprando o Bar do Baú localizado à Rua José de Santana ao lado do tradicional Posto Ipiranga. O nome do negócio mudou para Bar do Cochila, funcionando naquele endereço até 1985, quando se mudou para a confluência das Ruas Olegário Maciel, Dores do Indaiá e Independência, em frente à Praça João Pinheiro, sem a batuta do criador desde 2008.

Era frequentador do boteco uma turma de pescadores da pesada: Manezinho Mendonça, José Ribeiro de Carvalho, Hélio Amorim, João Cor de Rosa e muitos outros. Era também um ponto de encontro de médicos, advogados, engenheiros, empresários, políticos, vereadores, prefeitos, secretários municipais, jornalistas, além de pessoas normais. Desses, três amigos se reuniam costumeiramente para trocarem ideias, pois eles sempre tinham muitas ideias repetidas. Certa noite, sabe-se lá o motivo, beberam além da conta. Um deles, o mais alegrinho, disse:

– É certo que nós três temos segredos, e somos amigos, não é mesmo? Então vamos fazer o seguinte, cada um de nós conta um segredo, um segredinho só. E aí, topam? E para animar vocês dois, eu vou ser o primeiro: a ginecologista da minha mulher é minha amante!

De olhos arregalados os dois amigos entreolharam-se mudos por alguns minutos e depois encarou o confesso infiel, que, ansioso, cobrou atitude:

– Vamos, seus medrosos, qual o próximo?

Depois de um minuto de silêncio, o próximo pigarreou e mandou:

– A ginecologista da minha mulher, que é a mesma da sua, tem um caso comigo!

Não se sabe quem ficou mais boquiaberto: o que ainda não tinha proferido o seu segredo ou o outro. Esse outro chegou a ficar vermelho, enquanto o que ainda não tinha proferido estava que nem um arco-íris. Depois de uns quase cinco minutos de silêncio, o terceiro criou coragem para falar:

– Meus amigos, é terrível o meu segredo, mas em nome de nossa longa amizade sou obrigado a contá-lo a vocês, não tenho saída. É o seguinte: nunca consigo guardar comigo um segredo!

* 1: Leia ” Leoclides Araújo de Menezes (Cochila)”.

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 28/02/2013 com o título “Prefeitura em 1916”.

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