JOVEM ARDILOSO, O

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Nos idos de 1950, um dos respeitados coronéis do Município, também fazendeiro de muitas posses lá para as bandas do Limoeiro, tinha um ciúme desgovernado da filha caçula, linda de morrer nos seus quinze anos. Obviamente, a gaviãozada patense não tirava os olhos da beldade quando ela desfilava seus atributos físicos pela Avenida Getúlio Vargas e adjacências, sempre e ininterruptamente acompanhada pela zelosa mamãe. O severo pai, já prevendo a aproximação dos urubus, fez a filha jurar de pés juntos que diria não a todos os pretensos pretendentes, até chegar a hora certa para um namoro.

E assim fez a filha. Muitos moços de família rica como ela tristemente ouviram um não retumbante, para alegria do progenitor e não tanto assim da progenitora, que via o tempo passar e a filha perder alguns ótimos partidos. Mas, como o país do pau brasil é a terra dos espertos, evidente que em Patos de Minas tinha um moço, também de família abastada,  que era muito mais ardiloso que os outros e, sabedor de que ela era caidinha por ele e que só respondia com um nãobolou a estratégia para conquistar a moça. Certo dia, estava a donzela sentada no alpendre de sua residência quando se deparou no passeio com o rapagão que ela gostava. Sorrateiramente, ele pôs em ação o plano:

– Bela donzela, você se importaria se eu adentrasse a este alpendre?

Ela respondeu no ato:

– Não! E logo o moço estava no alpendre e continuou o estratégia:

– Com todas as forças do meu coração confesso-lhe ante seus pés que a amo. Você ficou chateada comigo por eu ter lhe confessado o meu amor?

Sem pestanejar, ela respondeu:

– Não! E o jovem mandou ver:

– Quero namorar contigo, depois noivar e finalmente casar. Você recusaria?

– Não!

– Você teria coragem de me recusar um beijo e um abraço?

– Não!

De repente, o pai chega e se enfeza com todas aquelas amenidades da filha e lhe dá uma bronca tremenda. A filha, com todo cuidado, confessa que respondeu não a todas as perguntas do rapaz como havia feito com todos os outros rapazes de acordo com as recomendações dele. Foi então que o pai reconheceu o jovem, filho respeitado de um amigo abonado, e logo imaginou vida saudável para a caçula. E no que deu? Evidente: namoro, noivado e casamento!

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 28/02/2013 com o título “Prefeitura em 1916”.

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