MADALENA MARIA DE MELO: PALAVRAS DO IRMÃO AFRÂNIO

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A tão conhecida professora Madalena Maria de Melo era filha de Aurélio Caixeta de Melo e Henriqueta Caixeta de Queiroz. Ela fez o curso primário no Grupo Escolar Marcolino de Barros, que funcionava onde se encontra hoje o Colégio Nossa Senhora das Graças¹. Depois, ela foi estudar em Oliveira-MG e nós sentimos muito a sua falta, porque ela ficava o ano inteiro sem vir para casa. Ela ia de trem, embarcava na estação de Catiara.

Sentíamos muito quando ela ia embora, depois das férias de ano, para Oliveira. Mas em dezembro de 1928, ela se tornou normalista e voltou para casa.

Já em Patos de Minas, no ano de 1929² ela começou a lecionar numa sala de nossa casa, mas como foram passando os anos e os alunos aumentando, ela teve que arrumar outro local. Mudou a Escola para a Sede da União dos Moços Católicos, situada na Praça Antônio Dias. Posteriormente, passou a ser Escola registrada com o nome “Madalena Maria”, funcionando definitivamente no local onde era a Casa Goyaz − Queiroz & Cia, de seu pai Aurélio Caixeta de Melo, Tião Abílio Caixeta, Olympio de Melo e Severino Neves³.

Madalena foi uma professora dedicada, competente e bem relacionada com o povo. Na sua escola funcionava do 1.º ao 5.º ano do Curso Primário, numa época em que Patos era muito pouco servida com escolas públicas. A Escola Madalena Maria serviu muito a toda comunidade. Ali eram matriculados alunos da cidade e das fazendas. Teve época em que contava até 305 alunos. Madalena se tornou a mais conhecida e a melhor professora da época. Sempre tinha bom trato e delicadeza, carinho e atenção para com todos. Ela era muito estimada pelos pais, alunos e ex-alunos.

Ela sempre desempenhou bem o seu papel de educadora. Sempre foi uma professora enérgica e muito dedicada. Ela teve como alunos inclusive nós, seus irmãos Dolor, Djalma, Geraldo, Afrânio, Lúcia, Breno.

Antes de iniciar as aulas, os pais dos alunos já sabiam que Dona Madalena era excelente para ensinar, e matriculavam seus filhos. Com o passar dos anos, os alunos foram aumentando e ela teve que convidar outras professoras para ajudá-la. Em 1932, as professoras eram Madalena Maria de Melo e sua prima Maria Maroquinha Borges. Madalena agradecia a Deus por ter conseguido a Maroquinha para ajudá-la no trabalho de educar. E dizia: “Deus lhe pague pelo valioso trabalho”.

Depois, Madalena Irene Borges, sua irmã Lúcia Madalena de Melo Borges, Amália Maciel dentre outras para ajudá-la. E o povo patense sempre solicitava uma vaga na escola. O número de alunos só diminuiu nos 60 anos4, quando foram surgindo as outros escolas particulares e estaduais.

A Escola Madalena Maria sempre cobrou pequena taxa mensal. Nem por isso, o trabalho oferecido pela escola deixou a desejar. Era um ensino de qualidade e integrado.

Em 1954, me lembro de uma homenagem que os alunos fizeram à querida professora e diretora Madalena Maria de Melo. Eram cerca de duzentos alunos.

Os fazendeiros diziam as belíssimas palavras de elogio e admiração: “Ela foi escolhida pelas mãos de Deus para ser educadora”. Alguns anos mais tarde recebeu também uma homenagem da Associação Médica de Patos de Minas, na Câmara Municipal, onde recebeu uma placa.

Hoje, vemos médicos, advogados, dentistas, padres, políticos e até Ministro da Agricultura (Arlindo Porto Neto) entre seus ex-alunos. A sua escola sempre se preocupou com a formação integrada dos alunos.

Havia integração entre as matérias como Matemática, Geografia, com Português, Geografia, História e a questão Moral e Religiosa. Nós, seus irmãos, sempre a admirávamos e colocávamos nossos filhos na escola, devido ao exemplo de vida humana que ali reinava.

Um dia, José ia passando em frente da escola, enquanto Madalena rezava, com seus alunos, “O Pai Nosso que Estais no Céu”. Ele ficou admirado com sua fé e contava aos seus companheiros de roça o que vira.

Por fim, ela se aposentou, em 1972, devido a escola ter poucos alunos, como já disse anteriormente, que havia aumentado as escolas públicas e particulares. Em Patos de Minas, então em 1973, a Escola Madalena Maria foi desativada por conta própria.

Madalena sempre prestou serviço à comunidade. Ela foi escolhida para ser a presidente da Congregação das Filhas de Maria. Sempre fervorosa e pontual ela cumpriu a sua missão aqui na terra fazendo o bem para todos. Agora, com sua morte no dia 16 de novembro de 1992, nos resta as nossas orações e nossa esperança de encontrá-la, um dia, junto aos anjos no dia da ressurreição. Ela estará de braços abertos abrindo a porta do céu para todos.

* Fonte: Poesias, Memórias e “Causos”, de Afrânio Caixeta de Melo (1997), do arquivo de Sebastião Cordeiro de Queiroz.

* Foto: Arquivo de Sebastião Cordeiro de Queiroz.

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