VACA PREMIADA, A

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Todo ano tinha o leilão de gado Jersey no Tatersal do Parque de Exposições durante as festividades da Festa do Milho. E todo ano lá estava presente o Nhô Nicolau, pequeno tirador de leite na localidade de Córrego das Pedras, no distrito de Alagoas. Apaixonado desde menino pela raça, lá permanecia até o último lance, e se retirava feliz por apreciar a quantidade de animais premiados e ao mesmo tempo triste por não poder arrematar nenhum deles.

Típico mineirinho, Nhô Nicolau foi ajuntando dinheiro até completar um valor que ele considerava suficiente para arrematar uma fêmea premiada. Certa vez veio um lote de animais da fazenda Cabanha Diamantina, de Santa Catarina, considerada uma das produtoras do melhor gado Jersey do Brasil, e nesse lote estava presente uma grande campeã que produzia por volta de 45 litros de leite por dia. Foi a glória para o Nhô Nicolau quando o leiloeiro bateu o martelo para o seu lance.

No outro dia houve festa na chegada da preciosidade. A esposa, os filhos, amigos e os dois retireiros fizeram uma roda em volta da vaquinha e lá ficaram apreciando a satisfação de Nhô Nicolau:

– Esse tetéia é de origem das Europa, duma tal de Ilha de Jersey que fica num tal de Canal da Mancha lá pras bandas do Reino Unido da Grã Bretanha e da França, ainda vou escolher um nome adequado pra ela.

Depois do palavrório, Nhô Nicolau dependurou no pescoço da dita vaca uma pequena tabuleta confeccionada na véspera com os seguintes dizeres em duas linhas:

– Ilha Jersey-Canal Mancha-Inglaterra-Campeã-Propriedade de Nhô Nicolau.

No outro dia, seis horas da manhã, foi enorme a surpresa do proprietário ao presenciar os dois retireiros lidando com sua afamada campeã:

– Vâmu, Tabuleta, vâmu Tabuleta…

* Texto: Eitel Teixeira Dannemann.

* Foto: Montagem de Eitel Teixeira Dannemann sobre foto publicada em 28/02/2013 com o título “Prefeitura em 1916”.

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